Museus em universidades públicas: entre o campo científico, o ensino, a pesquisa e a extensão

Abstract

Este artigo tem como foco a análise da gestão dos museus e acervos universitários, relacionando-a com as funções das universidades: o ensino, a pesquisa e a extensão. Utiliza-se, como ferramenta de análise, a teoria dos campos de Pierre Bourdieu, a fim de discutir como opera o campo científico nas universidades públicas e quais ganhos, simbólicos e materiais, os museus universitários propiciam, ou não. O campo científico e os museus e acervos universitários são analisados em cada uma das três funções das universidades – ensino, pesquisa e extensão – e conclui-se que a extensão universitária possui potencial para apoiar os museus universitários, oferecendo o apoio institucional que o ensino e a pesquisa já não podem oferecer no atual contexto acadêmico nacional.

Museus de arte universitários: vocações, especificidades e potencialidades

“…Os museus universitários brasileiros, de modo geral, estão geralmente vinculados aos próprios departamentos dos quais as coleções se originaram, estando relacionados à pesquisa e ao ensino, ou, mais recentemente, estando vinculados às unidades administrativas de extensão as quais são responsáveis pelo contato da universidade com a sociedade (Ribeiro, 2013). Vale destacar, nesse sentido, a importância das universidades para os museus, pois a inserção de um acervo em uma instituição articulada pelo tripé ensino, pesquisa e extensão não deixa de contribuir para a estabilidade da instituição museológica, podendo favorecer a configuração de um adequado quadro técnico-científico, bem como ampliando suas possibilidades de financiamento.…”

“…Para se investir nessa vocação não é necessário, contudo, afastar o museu de suas tradicionais funções vinculadas ao ensino e à pesquisa. De acordo com a professora e pesquisadora Emanuela Ribeiro (2013), tanto a extensão universitária quanto os museus universitários ainda se encontram em processo de construção dos seus mecanismos de institucionalização e legitimação no âmbito acadêmico.…”

“…Nesse sentido, ela observa que as origens epistemológicas da atual concepção de extensão universitária se aproximam do conceito de museu proposto durante as reuniões de Santiago do Chile (1972) e Caracas (1992 (Ribeiro, 2013). Trata-se de uma concepção da extensão acadêmica enquanto ação cidadã e dialógica, sendo o museu universitário um veículo privilegiado de comunicação entre a universidade e a sociedade.…”

Patrimônio Cultural da Saúde: uma década de reflexão e atuação sobre o campo

“…Os autores apontam que grande parte desse acervo está disperso nas universidades públicas brasileiras, o que, para Emanuela Ribeiro, é um ponto desfavorável a eles. A autora argumenta que, atualmente, os museus universitários, "não costumam gerar capital científico e, por este motivo não recebem suficiente valorização no ambiente institucional universitário, estando sempre em situação de inferioridade na disputa por recursos humanos e materiais (Ribeiro, 2013)". Colocando, assim, em risco suas coleções e suas edificações, vide o caso recente do incêndio que danificou enormemente a edificação e destruiu boa parte da coleção do Museu Nacional no Rio de Janeiro no ano em que se comemorava 200 anos da criação da instituição.…”

OS GAFANHOTOS ACRIDOIDEA (ORTHOPTERA: CAELIFERA) DA COLEÇÃO ZOOLÓGICA DIDÁTICO-CIENTÍFICA Dr. JOACHIM ADIS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

“…Estes tipos de coleções são normalmente encontrados em universidades, instituições de pesquisa e em museus (AURICCHIO & SALOMÃO, 2002). Ressalta-se que uma coleção inserida no âmbito universitário tem potencialmente e características distintas de outras coleções, construídas fora das universidades (RIBEIRO, 2013).…”