Mudança de Práticas: O Fazer Obstétrico na Grande Vitória/ES

Abstract

ResumoO objetivo deste trabalho é analisar como a organização do fazer obstétrico motiva os praticantes a optar pelo parto humanizado, contribuindo para a mudança dessa prática. A pesquisa foi conduzida por meio da observação, empregando a onto-epistemologia da prática segundo Theodore Schatzki e a análise temática dos dados. Os resultados apontam que diferentes entendimentos acerca do corpo levam à reprodução das práticas obstétricas ou ao esforço em prol da sua mudança. Quando o corpo da mulher é tido enquanto um objeto (sendo a mulher uma mente que detém um corpo), a gravidez é um problema a ser resolvido.Por outro lado, quando esse passa a ser um "corpo-pessoa", não é possível desassociá-lo da mulher. Consequentemente, a gravidez deixa de ser um problema, tornando-se um processo natural e fisiológico que deve ser respeitado, e não solucionado o mais rápido possível. Este trabalho contribui com o campo ao analisar como a mobilização das práticas se altera ao longo do tempo. Além disso, o estudo da obstetrícia revela a centralidade do corpo na performance dessa prática social. Afinal, é o corpo da mulher que entra em trabalho de parto, que dá à luz e que, infelizmente, ainda sofre violência obstétrica. Enfim, é esse o "veículo" que transporta as práticas. Palavras-chave:Estudos Baseados em Prática (EBP), organizing, Theodore Schatzki, práticas obstétricas

Mudança organizativa: a gestão hospitalar do parto como prática

“…Estudos recentes (Fiocruz, 2016;Georges & Davis-Floyd, 2016;Júlio, 2017) revelam que a preferência pela via de parto não é meramente determinada por fatores clínicos, mas influenciada por questões culturais e socioeconômicas. No Brasil, a cesárea tende a ser considerada a via de parto mais segura por ser a forma mais tecnológica de dar à luz.…”

“…No Brasil, a cesárea tende a ser considerada a via de parto mais segura por ser a forma mais tecnológica de dar à luz. A preferência pela cesárea também está relacionada à percepção da (in)capacidade de o corpo da mulher parir, ao medo do parto, à conveniência do agendamento da cesárea e ao desejo de controlar o processo de parturição (Júlio, 2017). Consequentemente, o parto geralmente é performado no contexto hospitalar.…”

“…Como o modelo brasileiro está centrado no médico e nas organizações hospitalares, toda a lógica que organiza a gestão do parto tem impactos na gestão hospitalar e no sistema de saúde como um todo (WHO, 2018;Júlio, A. C.;. Mudança organizativa: a gestão hospitalar do parto como prática.…”

“…Mudança organizativa: a gestão hospitalar do parto como prática. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa,22(1) Fiocruz, 2016; Georges & Davis-Floyd, 2016;Júlio, 2017). Apesar disso, há no país um movimento social em prol da humanização do parto e do nascimento.…”

“…O parto é um evento médico-hospitalar e intervenções médicas devem ser feitas (durante o parto normal ou por meio da cesárea). O objetivo é controlar o processo, tornando-o mais previsível (Davis-Floyd & John, 1998;Georges & Davis-Floyd, 2016;Júlio, 2017).…”