Migração do povo indígena Sateré-Mawé em dois contextos urbanos distintos na Amazônia

Abstract

Partindo de informações levantadas em duas pesquisas de campo - uma censitária e outra amostral - referentes a distintas áreas urbanas do estado do Amazonas, este trabalho procura fornecer subsídios para a compreensão da migração indígena com destino urbano na Amazônia, com enfoque principal no povo indígena Sateré-Mawé. Trata-se de um estudo comparativo entre características migratórias dos Sateré-Mawé residentes em Manaus, capital do estado do Amazonas, e os que moram nas cidades próximas às terras indígenas de origem daquele povo, no leste do estado. Apesar da semelhança de algumas das características do processo migratório nos dois contextos - motivados pela procura de trabalho e por oportunidades de educação -, observa-se diferenciação na importância dessas causas em cada contexto, além de ocorrerem distinções na faixa etária e na distribuição por sexo dos migrantes.

Saneamento básico e desigualdades de cor/raça em domicílios urbanos com a presença de crianças menores de 5 anos, com foco na população indígena

“…Além disso, as políticas públicas direcionadas à saúde indígena estão principalmente direcionadas para o contingente da população que vive em terras indígenas 59 , em sua maioria localizada em área rural. Em contexto urbano, parte significativa dos indígenas reside em periferias, onde predomina maior precariedade socioeconômica 17,60,61 . Esse cenário guarda semelhanças com o que tem sido descrito para outros países da América Latina e Caribe, apontando que pobreza e extrema pobreza configuram-se como situações recorrentes para indígenas residentes em áreas urbanas 55 .…”

Sofrimento Ético-Político De Indígenas Sateré-Maué E Hixcariana Que Migram De Suas Aldeias

“…No caso dos Sateré-Maué e Hixcariana, as migrações iniciaram-se em 1967, com a criação da Zona Franca de Manaus, motivadas, segundo o Diagnóstico Sócio Demográfico Participativo da População Sateré-Maué, pela busca por trabalho assalariado (Teixeira, Mainbourg, & Brasil, 2009). Engendrava-se também a saída das terras aldeadas devido à necessidade de reconhecimento social ou em razão da fuga da tutela do Estado.…”

The sustainability challenges of indigenous territories in Brazil's Amazonia

“…Contrary to the acculturation theory, this does not necessary imply the loss of all connections to their former cultural universes. Some research pinpoint on the contrary the existence of circulatory migration strategies where spending months and sometimes years in the city is part of the Indigenous life cycle (24,25,26). Furthermore, many Indigenous communities today maintain houses in the city in order for their members to access specific resources or services (markets, advanced medicine or education, etc.…”