Microagressões no ensino superior nas vias da Educação Matemática

O impacto da piada racista na construção do self de pessoas negras

“…As microagressões raciais, como a piada racista, são nomeadas como "micro" não no sentido de provocarem pouco impacto em uma pessoa, mas de serem menos identificadas socialmente como uma forma de agressão (e.g., Da Silva & Powell, 2016). Assim, acabam tendo uma maior probabilidade de serem reforçadas e menor probabilidade de serem punidas em uma comunidade verbal (da Silva & Powell, 2016).…”

Microagressões raciais no ensino superior

“…Aponta que, em cursos da área de Ciências Exatas, o isolamento social e acadêmico tende a ser mais intenso na trajetória de estudantes negros e negras quando comparados aos demais estudantes. Além disso, dentre os fatores que ultrapassam as questões pedagógicas e influenciam o pós-ingresso estão as experiências com racismo que tais estudantes enfrentam em sua rotina na universidade, manifestados, muitas vezes, na forma de microagressões raciais (Santos, 2009;Silva & Powell, 2016). Microagressões raciais manifestam-se nas relações interpessoais como uma das consequências do racismo estrutural na sociedade brasileira (Almeida, 2019) sendo entendidas como formas mais ou menos sutis e veladas de insultos verbais, visuais ou atitudinais, direcionadas a pessoas com base em sua raça, gênero, etnia, classe social, idioma, religião, entre outras, feitas de forma intencional ou não pelos agressores, mas sendo capazes de causar um profundo impacto sobre a vida dos agredidos (Silva & Powell, 2016).…”

“…As microagressões raciais "expressam uma forma evoluída do racismo, visto que formas mais agressivas e sistêmicas de racismo não são mais socialmente aceitáveis como no passado" (Silva & Powell, 2016, p. 45) No cenário acadêmico, o impacto negativo das microagressões raciais na vida dos/das estudantes tem levado ao abandono de disciplinas e, até mesmo, à evasão dos cursos de graduação, pois afeta seu senso de pertencimento à universidade (Silva, 2016). Ainda, impacta negativamente o desempenho acadêmico, a permanência e o progresso dos/das estudantes em cursos superiores (Silva & Powell, 2016;Silva Júnior, 2023). Consequentemente, a integração social e a acadêmica são afetadas pelas experiências constantes de microagressões raciais, o que pode ocasionar a evasão, a mudança de curso e de universidade ou, ainda, a desistência definitiva do Ensino Superior (Solórzano, Ceja & Yosso, 2000).…”

“…Aqui, vimos que, mesmo vencendo a barreira do acesso, essa violência estrutural persiste durante sua trajetória acadêmica, manifestando-se por meio de microagressões raciais. Isso reforça o fato de que, além das próprias dificuldades que estudantes de exatas enfrentam nas disciplinas, em termos acadêmicos, estes estudantes precisam administrar vivências com práticas racistas ao longo de sua vida na universidade (Silva & Powell, 2016).…”

Julgamento de justiça e injustiça de cotas na universidade: impacto da empatia, da autopercepção e de um dilema de cotas

“…O incentivo à oferta de projetos de pesquisa e extensão (com ou sem bolsa) são boas ferramentas para a integração social de estudantes (Silva, 2019). São relatadas ainda como medidas positivas, a flexibilização e reformulação dos currículos, como por exemplo, oferecer mais cursos noturnos, rever materiais didáticos, laboratórios, bibliotecas, incluir as temáticas raciais nos currículos dos cursos a fim de que reflitam experiências de grupos sub-representados ou grupos racialmente e/ou etnicamente minoritários (Albuquerque, Pedron, & Quoniam, 2019;Bello, 2013;Gomes & Powell, 2016).…”