Este artigo analisa os impactos trazidos pela covid-19 aos motoristas de empresas-plataforma de transporte individual, em Juiz de Fora (MG), cidade brasileira de médio porte. Num contexto de fortes problemas socioeconômicos decorrentes da pandemia, ocupações já marcadas pela precariedade, como é o caso desses trabalhadores, são afetadas de forma mais intensa e duradoura. A pesquisa se fundamenta em aplicação de questionários, realização de entrevistas e acompanhamento de grupos de WhatsApp. Os resultados explicitam problemas estruturais como longas jornadas, desproteção, falta de transparência e diálogo com as plataformas e baixos rendimentos, agravados pelas dificuldades conjunturais. São destacados os desdobramentos futuros, considerando que essa situação tende a reforçar a precariedade laboral similarmente a diferentes plataformas digitais de trabalho em outros setores e cidades. Evidencia-se, por um lado, a impossibilidade desses trabalhadores permanecerem sem nenhuma garantia e proteção e, por outro, a urgência da atuação do Estado em relação à garantia desses direitos.