Este artigo é um resgate de vivências, práticas e lutas que se consolidaram em espaços de privação de liberdade no ano de 2018. Apresentamos uma síntese das reflexões com base nos resultados do estudo de doutoramento sobre essa trajetória, vivenciada por docentes integrantes de uma comunidade escolar socioeducativa. A exposição dessas discussões em formato de artigo busca divulgar os conhecimentos acerca das relações entre a socioeducação e a privação da liberdade individual de adolescentes e jovens. As bases norteadoras da investigação estão enraizadas no Realismo Crítico por se tratar de uma filosofia de cunho emancipatório. Estabelecemos uma relação entre os fundamentos dessa filosofia e a teoria Sócio-Histórico-Cultural para compreender a complexidade da inter-relação sujeito-sociedade e reprodução-transformação. Os referenciais de análise dialogam entre si, pois articulam conceitos do campo sociológico e linguístico que são fundamentais para a constituição da Análise Crítica do Discurso de vertente britânica. A análise está centrada nas práticas sociais e discursivas realizadas em 25 reuniões de estudo, assim como em entrevistas orais com os participantes desses encontros, a saber, 1 diretor escolar, 2 coordenadoras pedagógicas, 10 docentes pertencentes às áreas de ciências da natureza e matemática, ciências das linguagens e ciências humanas, 9 apoios administrativos educacionais, 3 técnicas administrativas educacionais e 1 participante-pesquisadora. O resultado de uma análise longitudinal dos dados evidencia rupturas, por meio de traços sócio-discursivos de (re)posicionamento social, orientados para a instauração de uma socioeducação no viés de uma educação social emancipatória. As mudanças discursivas estão relacionadas às características da epistemologia intersubjetiva como um instrumento de práticas dialogizantes, recriadas pela agência transformativa de sujeitos de práxis contemporâneos.