Este trabalho desenvolve uma reflexão acerca da cultura contemporânea e dos modos de vida atuais, discutindo sobre algumas das lógicas que não somente organizam a atualidade, mas também que tornam possível uma série de problemáticas de natureza psicossocial. Trata-se de uma pesquisa qualitativa apresentada na forma de ensaio teórico que põe em análise uma cultura marcada pelo impacto das formas atuais do capitalismo em sua face neoliberal. Nesta, há um considerável enaltecimento da felicidade, do prazer, do consumo e da produtividade, de modo que aquilo que escapa ao tempo do capitalismo – como o sofrimento e como a capacidade negativa – deixa de ser valorizado e passa a ser expurgado a qualquer preço. Nesse tempo que postula a felicidade enquanto dever e imperativo, aspectos importantes da existência são desconsiderados em favor de movimentos que encerram a vida nas lógicas do pretenso desenvolvimento econômico. Aponta-se, dessa forma, para a relevância de elementos culturalmente negligenciados como a capacidade negativa e como o sofrimento enquanto ferramentas possíveis na articulação de resistências frente a imposições culturais que cristalizam os modos de ser e de estar no mundo.