Em meio à pandemia da COVID-19, mudanças nas práticas assistenciais podem aumentar as infecções e os casos de enterocolite necrosante, doença grave de origem multifatorial, que atinge o trato gastrointestinal do recém-nascido prematuro. O estudo teve como objetivo avaliar a etiologia do surto de enterocolite necrosante na unidade de terapia intensiva neonatal de uma maternidade pública de referência durante a pandemia do Covid-19, analisando os principais fatores de risco envolvidos. O presente artigo é retrospectivo, observacional e descritivo, baseado na coleta e análise de dados dos prontuários. A população do estudo foi constituída por recém-nascidos prematuros diagnosticados com enterocolite necrosante nos meses de março e abril de 2021. Em 30 dias, 10 neonatos tiveram diagnóstico de enterocolite necrosante, entre eles 1 recém-nascido a termo e 9 pré-termos. Desses, 3 neonatos foram excluídos, devido à falta de dados nos prontuários, totalizando 7 participantes na população estudada. Tal população englobou prematuros de 25 a 33 semanas de idade gestacional, com peso de nascimento de 670 a 1965 g. Com a diminuição dos estoques de leite humano e impossibilidade de ordenha à beira leito, em decorrência das mudanças estruturais e das práticas assistenciais pela pandemia do Covid 19, 100% (7) dos recém-nascidos receberam leite materno pasteurizado complementado com fórmula láctea. Observamos que os fatores ambientais e as práticas alimentares alteradas pela falta do leite humano combinados com a susceptibilidade dos recém-nascidos contribuíram para aumentar os riscos do desenvolvimento da doença e ocorrência do surto na unidade.