Masculinidades e práticas de saúde: retratos da experiência de pesquisa em Florianópolis/SC

Abstract

Resumo: Este artigo tem o objetivo de apresentar parte dos resultados da pesquisa multicêntrica "Masculinidades e Práticas de Saúde", em que foram investigados, junto à população masculina de Florianópolis (SC), os significados sobre saúde/doença e práticas de cuidados com a saúde por ela desenvolvidas. Para tal, foram realizados sete grupos focais com homens usuários dos serviços de saúde, entrevistas com os profissionais que compõem a equipe técnica de saúde sexual e reprodutiva do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), bem como 260 entrevistas com homens. Investigou também, junto à equipe de profissionais do serviço (médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, gestores em saúde), as discursividades de gênero em relação aos cuidados com a saúde e promoção do acesso de homens aos serviços. A proposta filosófico-metodológica de Judith Butler sobre gênero inteligível, performatividade e suas implicações na constituição de sujeitos em saúde foi o vetor de análise do material empírico da pesquisa, sem perder de vista o projeto biopolítico em que estes enunciados são possíveis de serem formulados, principalmente no que se refere ao SUS e a seus princípios de universalidade, integralidade e equidade. A categoria gênero é elemento de grande importância no padrão dos riscos de saúde nos homens e na forma como estes percebem, usam e cuidam de seus corpos, tanto como possibilidade de transformação de valores como na reiteração dos vigentes. Palavras-chave: homens, saúde, masculinidades.

Saúde do homem e masculinidades na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: uma revisão bibliográfica

“…Knauth and Machado (2005) call attention to the relevant fact that before excluding the masculine universe from "care" it is necessary to consider the forms of representation, including its meaning for men, which probably varies between the different segments of society. In this sense, Toneli et al (2010) suggested, based on empirical information collected from masculine segments of urban society, that care for health and the body mean, respectively, physical exercise and seeking medical care in extreme situations, while Nascimento (2011), investigating the social representations of health and disease, and the health practices among one hundred men living in cities in the area surrounding Belo Horizonte, indicated that the concern with health that 52% of them reported meant practice of physical exercise and care with their diets.…”

“…Looking at the collective health/public health literature, it was confirmed that men's access to, or better yet, difficulty in accessing health services is a relevant concern (Schraiber et al, 2010;Couto et al, 2010;Toneli et al, 2010;Pinheiro and Couto, 2008;Nascimento and Gomes, 2008;Gomes et al, 2007;Paschoalick et al, 2006;Araújo and Leitão, 2005), and this is one of PNAISH's main objectives. Schraiber et al (2010) stress that Atenção Primária a Saúde (Primary Care: APS) -the main access point to health services -is markedly aimed at women's health problems, as prevention and health care are socially characterized as essentially female tasks.…”

“…Men seek health services less than women do (Schraiber et al, 2010;Toneli et al, 2010;Pinheiro and Couto, 2008;Nascimento and Gomes, 2008;Gomes et al, 2007), and when they do, they enter the system with medium and high complexity complaints. In practice, this means that they are in an aggravated state of illness, many times in a state which is beyond cure, as in the case of prostate cancer, at greater cost to the health system.…”

Acessibilidade Do Homem Aos Serviços Da Atenção Básica: Uma Aproximação Com a Bioética Da Proteção

“…Portanto, a ausência de serviços específicos de cuidados para homens alimenta a ideia de um espaço ocupado e reservado às mulheres. Isso acaba por reforçar a relação historicamente mais significativa das mulheres com os serviços de assistência à saúde e não identificação do homem com estes espaços, como apontado por estudo (16) . Junto a isso, problematiza-se o fato de que o não reconhecimento da singularidade do homem por parte dos próprios serviços de saúde pode trazer dificuldades em incorporar esses como protagonistas de seus cuidados (17) .…”

“…Dessa forma, percebemos a importância de que a gama de fatores que dificultam a acessibilidade da população masculina aos serviços da AB apontados nos estudos analisados (7,(10)(11)13,(16)(17) , concentram-se em torno da demanda e dos processos de trabalho nos serviços, podendo ser pensados enquanto problemas éticos.…”