«Mártires da Liberdade»: o exílio de revolucionários espanhóis nos Açores (1866-1868) na perspectiva da imprensa local

Abstract

A complexa situação política que a Espanha viveu na década de sessenta do século XIX teve, naturalmente, grande repercussão em Portugal. As notícias, comentários, transcrições de manifestos, proclamações, comunicados percorriam as páginas dos jornais, deixando bem expressos os respectivos posicionamentos políticos e ideológicos, sobretudo em contextos de tipo golpista ou revolucionário. No fundo, não se deixava de destacar que podia estar em causa a própria independência nacional, como chamava a atenção um jornal de Angra do Heroísmo (ilha Terceira, Açores), em Janeiro de 1866. Aquando do golpe de 2 de Janeiro de 1866 conduzido pelo general Juan Prim, e numa situação em que, como referia o jornal, podia ser ameaçada a «autonomia portuguesa», o governo português tomara as necessárias medidas de protecção na fronteira 2 . Ainda que não o referindo expressamente, o jornal aludia, de forma indirecta, ao debate sobre o iberismo que, periodicamente, num e noutro lado da fronteira, despontava, sobretudo ao nível das questões ideológicas e que depois, e no contexto da Revolução de 1868 em Espanha, ressurgiria com mais premência 3 .