Martín-Baró como Inspiração Ética para a Construção de uma Perspectiva Comunitária e Popular em Psicologia

Abstract

A partir de estudos históricos sobre a trajetória da Psicologia social comunitária no Brasil, pretendemos neste artigo explorar as contribuições de um dos maiores autores da psicologia latino-americana, Ignacio Martín-Baró para a construção de uma perspectiva popular em psicologia. Percorrendo a publicação da tradução de seus textos no Brasil, que acontece de forma expressiva muito recentemente, sistematizamos os principais pontos de seus escritos que nos servem como inspiração ética e política para pensarmos a construção de uma perspectiva comunitária e popular em psicologia. Sua contribuição se coloca como caminho para a construção de horizontes de práticas genuinamente comprometidas com as pautas e questões populares, já que sempre preconizou a produção de uma psicologia a partir do povo e sua realidade.

A Dimensão Ética das Representações Sociais: O Crack entre Usuários da Rede Socioassistencial

“…Por isso, torna-se um cenário de circulação de uma população e suas experiências de vida no âmbito de sua condição de opressão: é um quadro de exposição permanente das violações do Estado e da ausência de direitos. O que se destaca nessa experiência é o sofrimento desses sujeitos em decorrência das opressões sofridas e que se capilarizam em questões econômicas, políticas, de raça e de gênero (Gonçalves, 2020).…”

Corpo, mente e coração: saúde mental de mulheres muçulmanas brasileiras

“…Na maior parte do tempo, tentaremos entender as demandas dentro do enquadre psicológico-social advindo do próprio Islã, mas por vezes também farei um movimento semelhante ao proposto por Said e recorrerei às teorias da psicologia moderna para este propósito. Não se trata de contradição teórica: assim como argumento a favor da consideração da Psicologia Islâmica no rol das epistemologias psicológicas decoloniais (Paiva, 2022), como vem sendo feito no Brasil com a emergência da psicologia favelada (Gonçalves, 2019), da psicologia preta (Veiga, 2019) e de múltiplos projetos de outras psicologias nativas (Pizzinato, Guimarães & Leite, 2019), igualmente acredita-se na importância de lançar um olhar decolonial para a assim chamada psicologia ocidental-moderna para "não jogar fora o bebê com a água do banho", como anteriormente pontuou Awaad (2020). Um estudo sobre saúde mental no Islã pode fazer uso da psicanálise, por exemplo, mas certamente seria deficitário se desconsiderasse os referenciais do próprio grupo (Pasha-Zaidi, 2019).…”