Abstract:RESUMONeste artigo são analisadas as condições econômicas e sociais de produção de um manual didático, a partir de trabalhos como os de Apple (1995) e Goodson (1999), bem como são apresentadas e discutidas as condições necessárias a um manual didático de História para que ele possa produzir consciência histórica, a partir das categorias criadas por Rüsen (1997). A investigação incluiu a análise do material didático produzido em uma das maiores empresas do setor no Brasil, tanto na perspectiva de sua economia p… Show more
“…Estes fatores revelam a condição do livro didático como mercadoria (LUCA, 2012;MUNAKATA, 2012). Medeiros (2006) apresenta os interesses econômicos e editoriais, indissociáveis, como "sistemas de controle" das informações veiculadas nos didáticos. Considerando-se o caráter de produção horizontal, que se torna responsável pela redução considerável do poder decisório do autor sobre as informações veiculadas, adotado pelas empresas, o mercado torna-se o determinante central na produção de textos didáticos.…”
Observando-se em que medida os princípios de valorização da história dos afro-brasileiros, enunciados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais (DCNERER), são veiculados em livros didáticos de História (8º ano), analisa-se as relações sociais legitimadas pelas coleções e a natureza da mudança do discurso produzido no Estado. Para tanto, a teoria de Basil Bernstein é utilizada. Os resultados indicam que os princípios veiculados nos livros não correspondem aos enunciados na LDB e nas DCNERERs, evidenciando-se (1) o elevado grau de recontextualização dos princípios oficiais e em direção oposta à valorização da história dos afro-brasileiros, (2) os relativos espaço e autonomia a nível de produção de textos didáticos dos quais os autores gozam, e (3) a relação entre formação acadêmica dos autores e o conteúdo que produziram.
“…Estes fatores revelam a condição do livro didático como mercadoria (LUCA, 2012;MUNAKATA, 2012). Medeiros (2006) apresenta os interesses econômicos e editoriais, indissociáveis, como "sistemas de controle" das informações veiculadas nos didáticos. Considerando-se o caráter de produção horizontal, que se torna responsável pela redução considerável do poder decisório do autor sobre as informações veiculadas, adotado pelas empresas, o mercado torna-se o determinante central na produção de textos didáticos.…”
Observando-se em que medida os princípios de valorização da história dos afro-brasileiros, enunciados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais (DCNERER), são veiculados em livros didáticos de História (8º ano), analisa-se as relações sociais legitimadas pelas coleções e a natureza da mudança do discurso produzido no Estado. Para tanto, a teoria de Basil Bernstein é utilizada. Os resultados indicam que os princípios veiculados nos livros não correspondem aos enunciados na LDB e nas DCNERERs, evidenciando-se (1) o elevado grau de recontextualização dos princípios oficiais e em direção oposta à valorização da história dos afro-brasileiros, (2) os relativos espaço e autonomia a nível de produção de textos didáticos dos quais os autores gozam, e (3) a relação entre formação acadêmica dos autores e o conteúdo que produziram.
“…Para os objetivos propostos neste artigo, é fundamental questionar como a disciplina de História é tratada em sala de aula. Conforme expõe Medeiros (2006), é possível observar, em muitos livros didáticos de História, que a exposição do conhecimento histórico ainda está fortemente vinculada a uma perspectiva estritamente factual, pautada somente na política e economia das sociedades, voltada à existência de uma verdade histórica. Este tipo de abordagem se articula em uma narrativa constituída por sequências de fatos em versões homogêneas da História.…”
Section: Arqueologia Na Escola E O Desenvolvimento De Uma História Crunclassified
“…Um primeiro problema apresenta diante dessa reflexão: como pode o professor de História discorrer sobre a diversidade no passado ao invés de narrar sequências factuais de causalidades e consequências? Medeiros (2006) realizou uma discussão muito frutífera acerca da aplicabilidade dos conceitos de Jörn Rüsen nos livros didáticos. O ponto de maior relevância para nossa análise são os questionamentos que o autor propõe para o desenvolvimento de um livro didático que seja capaz de auxiliar tanto ao professor, quanto ao aluno, no desenvolvimento de uma consciência histórica crítica.…”
Section: Arqueologia Na Escola E O Desenvolvimento De Uma História Crunclassified
“…No limite, essa consciência permite o desenvolvimento de uma História mais plural ao admitir uma série de posicionamentos que, a partir do reconhecimento da diversidade como legítima no passado e no presente, nos quadros de uma relação temporalizada, enquanto respeita os espaços para diferenças sociais, históricas e culturais, reconhecendo sua legitimidade no decorrer da História. Esta necessidade de desenvolver uma História pluriperspectivista em sala de aula, como apontaMedeiros (2006), é o que possibilita ao aluno lançar um olhar crítico sobre a História, posicionando-se como indivíduo pensante diante do conhecimento que recebe, não sendo um mero receptor inerte, incapaz de atrelar o conhecimento científico a sua visão de mundo.Explorados estes conceitos de Rüsen, devemos agora conectá-los com a intenção de trabalhar a Arqueologia como uma possibilidade de estudarmos o passado, neste caso Clássico, de modo a permitir uma maior sensibilidade do aluno com a História. O vínculo entre o saber acadêmico arqueológico e a sala de aula, buscando um passado plural, será articulado a partir do referencial teórico de Jörn Rüsen acerca da "consciência histórica crítica" e da proposta da Arqueologia Pública, defensora da aproximação entre a academia e a sociedade.Problematizar o próprio papel da Arqueologia na produção de conhecimento sobre o passado é fundamental para vislumbrar seu potencial de construir, ratificar ou se contrapor a determinadas visões sobre o passado.…”
Resumo: Proporemos, neste artigo, pensar de que maneira a interdisciplinaridade entre Arqueologia e História pode propiciar conhecimentos que reflitam sobre a pluralidade do passado romano. A partir do estabelecimento de diálogos entre a academia e a escola, o objetivo deste artigo é defender o potencial desse saber arqueológico para que os alunos possam compreender a diversidade de sujeitos, relações e culturas de maneira mais temporalizada e multifacetada, tendo em vista a relação entre o passado e presente. Pretendemos refletir sobre a possibilidade de inserir os estudos recentes sobre a cultura material do início do principado romano, no século I d.C., nas salas de aula, aliando o referencial teórico de Jörn Rüsen referente à “consciência histórica crítica” à proposta da Arqueologia Pública de estabelecer relações mais profícuas e menos hierarquizadas entre o conhecimento acadêmico e as escolas.
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