. Quinine and quinidine are well-known 4-quinolinecarbinolamines that exhibit antimalarial activity, but, in contrast, their epimers 9-epiquinine and 9-epiquinidine are almost inactive. Literature data are conflicting in describing the 4-quinolinecarbinolamine interaction mode with the molecular target, the ferriprotoporphyrin IX [Fe(III)PPIX]. In the present paper, a pharmacophore is proposed based on the binding of the nonaromatic nitrogen to the iron atom. The 4-quinolinecarbinolamine antimalarials were superimposed on the pharmacophore under consideration and complexes with Fe(III)PPIX were constructed. Conformational analyses of the complexes were performed applying the MM+ molecular mechanics method. The analysis of the complexes showed that the proposed ligand mode is possible although it does not explain the activity differences between epimers. A discussion of the structural aspects is also provided.Keywords: antimalarial; quinine; pharmacophore.
INTRODUÇÃOA malária é a mais disseminada de todas as doenças infecciosas. A doença leva o indivíduo parasitado a uma anemia intensa e, em conseqüência, prejudica sua produtividade no trabalho. A doença pode ainda ter decurso fatal. Atualmente, 40% da população mundial, principalmente aquelas que vivem nos países mais pobres, vivem sob o risco de contrair malária. A málaria foi eliminada, no século XX, em vários países de clima temperado. Entretanto, ainda é encontrada em regiões tropicais e subtropicais do mundo e causa mais de 300 milhões de casos agudos e pelo menos um milhão de mortes por ano 1 . A maioria das mortes causadas por malária ocorre em crianças da África. O Brasil está entre os maiores focos de malária no mundo 2 .Os agentes etiológicos da malária humana são protozoários do gênero Plasmodium, compreendendo quatro espécies: P. falciparum, P. vivax, P. ovale e P. malariae. Os vetores são mosquitos do gênero Anopheles 3 . No homem, o ciclo biológico inicia-se com a picada do mosquito infectado que injeta na corrente sangüínea o parasita. O Plasmodium invade as células do fígado e ali se multiplica. Estas células são rompidas e o parasita cai na corrente sangüínea, indo infectar os eritrócitos. Dentro dos eritrócitos os parasitas se desenvolvem, dando origem a merozoítos que são liberados no sangue com lise destas células. A destruição cíclica dos eritrócitos e liberação do pigmento malárico levam ao acesso malárico. Do córtex do tronco e da raiz de espécies de Cinchona sp (quina), árvores naturais dos Andes, são extraídos mais de vinte alcalóides, dentre os quais dois pares de diastereoisômeros, quinina e quinidina, cinchonina e cinchonidina, têm atividade antimalárica. Tais alcalóides existem também na forma epimérica: epiquinina e epiquinidina, epicinchonina e epicinchonidina, que são inativos. Na Tabela 1 estão relatadas as atividades in vitro (IC50) da quinina, quinidina, epiquinina e epiquinidina frente a cepas de P. falciparum suceptíveis e resistentes à cloroquina 4 . Até a 2 a Guerra Mundial, a quinina (Figura 1) era o único agente antiparas...