Mais uma Lição: sindemia covídica e educação

Abstract

Resumo: Este artigo articula os desdobramentos das crises geradas pela pandemia da COVID-19, com as deficiências da educação escolar, no Brasil. Argumenta que uma escola marcada por desigualdades, exclusões, elitismo, facilitação e superficialidade vem gerando amplos contingentes de estultos e refratários às orientações científicas de prevenção à pandemia e seu controle. Tal situação é agravada por parte das classes políticas dirigentes, cujos líderes são fiéis adeptos do negacionismo, fundamentalismo político e religioso, anticientificismo e conspiracionismo. Propõem-se alguns princípios norteadores para a educação científica com ênfase nas dimensões gnosiológica e formativa. É feita uma revisão da nomenclatura usada pelos estudos sobre pandemias.

Ageísmo, sindemia covídica e Bioética de Intervenção: uma concretude interdisciplinar

“…A designação da pandemia da Covid-19 a essa palavra (sindemia) não é modismo, pois amplifica a compreensão da problemática em direção a um enfrentamento mais abrangente e efetivo, reorientando os enfoques tradicionais da saúde coletiva, inclusive acerca do ageísmo, assumindo seu caráter complexo, polissêmico e polimorfo, enquanto manifestação articulada de fenômenos, ao mesmo tempo, sinérgicos e antagônicos, multidimensionais, multifatoriais e interdisciplinares 29 .…”

“…Parte dessa estultice decorre de perfis mal preparados e acríticos dos consumidores das informações e dos conteúdos visualizados, lidos ou escutados, absorvidos como se tudo fosse, a priori, mentira ou verdade, muitas vezes apresentado de forma aparentemente plausível, intencional, intuído a enganar ou confundir. Certamente, esses aspectos deixam parte da população à mercê de influências externas, à deriva, errática, tendenciosa a mudar de opinião a partir da manipulação e não por criticidade ou reflexão 29 .…”

Ensaio sobre visibilidades e cegueiras no mundo formativo da Odontologia

“…Importantes desafios nos movem a um repensar das nossas próprias práticas, do individual ao institucional, passando pela gestão, ensino, pesquisa e serviço 70 . Destaca-se, no contexto pandêmico, o conceito de sindemia [71][72][73][74][75][76][77] , que autores vêm utilizando para alertar sobre determinações sociais que fazem com que a Covid-19 possa estar incidindo de modo mais grave em conjuntos assimétricos da população 78 . Portanto, não seria somente a Covid-19 com todo o mal que já provoca, mas um amplo conjunto de problemas associados a elaimpacto escolar, renda, violência, fome, agravamento de doençasque exigem nosso olhar na Odontologia.…”

“…Agravando a situação pré-existente, presenciamos uma combinação letal de elitismo, superficialidade, egocentrismo, que vem gerando amplos contingentes de refratários às orientações científicas de prevenção à pandemia e seu controle. Isso inclui setores das classes políticas dirigentes, cujos líderes são fiéis adeptos do negacionismo e conspiracionismo, tentando erodir os saberes e as práticas sustentadas em evidências científica, dentro das universidades 78 .…”

Ensaio sobre visibilidades e cegueiras no mundo formativo da Odontologia

“…Nunca como agora uma ciência responsável e uma tecnologia socialmente orientada mostramse necessárias, não só para nossa imunização e para adoção de medidas não farmacológicas, como também para busca de soluções que contemplem a conjuntura de crise educacional e de negacionismo científico 7 tangenciando os estágios, inclusive, dado o contato social e com o mundo do trabalho que eles possibilitam. Com tal problematização, emerge a questão de como equacionar a questão dos estágios, que se realizam como ensinoaprendizagem e cuidado em ato, se migrarem para o formato híbrido, parcialmente digital?…”