Mães com transtornos mentais: um estudo exploratório

Abstract

Os transtornos psiquiátricos de mulheres com filhos têm sido abordados considerando-se que representam fator de risco ao desenvolvimento dos mesmos. Seus sentimentos e preocupações, contudo, têm sido pouco abordados. A partir da concepção de atenção à saúde mental, que considera a pessoa em seu contexto de relações, e sob perspectiva exploratória, este trabalho objetivou investigar o que pensam as mulheres e pessoas próximas, que convivem com elas, sobre sua condição. Temas abordados: adoecimento e sua percepção sobre ele, o cuidado com os filhos e o relacionamento familiar. Quanto às pessoas próximas, os temas foram as dificuldades frente ao adoecimento e o esforço para ajudar e buscar ajuda. É importante abordar a mulher, considerando-se também o papel de mãe que desempenha.

Psychiatric Diagnosis in a Woman’s Personal Narrative: Possibilities of Semiotic Analysis

“…(Mary) Thus, one can say that motherhood appears to be an important element in her personal synthesis, providing her with some ontological security, this vital yearning for an experience of the world and existence itself, as endowed with order, justification, and meaning (Peters 2014, p.21). This assumption agrees with the results of the studies produced by Carteado (2008); Blegen et al (2014); Perera et al (2015);and Carvalho et al (2007). These authors stated that, for women with a psychiatric diagnosis, maternity appears as a normalizing achievement of adult life, making it possible for these subjects to be de-alienated in relation to the restrictions imposed by the stigma of madness.…”

Sentidos construídos acerca do relacionamento de filhos com mães diagnosticadas com um transtorno mental: entre recursos e déficits

“…Considerando o argumento de alguns autores (Maciel et al, 2009) (Figueiredo, Souza, Dell´Áglio, & Argimon, 2009;Waidman, Scardelli, & Pandini, 2010). Porém, esse trabalho não existe em todos os serviços, o que faz com que a família, na condição de responsável pelos cuidados do paciente, faça-o muitas vezes sem recursos efetivos para isso (Cavalheri, 2010;Colvero et al, 2004;Gonçalves & Sena, 2001 A mulher ainda é considerada a principal cuidadora dentro de uma família (Carvalho, Souza, Farinha, & Corradi-Webster, 2007), apesar de outras pessoas participarem deste cuidado, como o pai, por exemplo. Assim, essa relação específica (filhos e mães com doença mental) foi escolhida diante das reflexões a partir do estudo da literatura da área.…”

“…Para Wang e Goldsmith (1994 citados por Carvalho et al, 2007), a necessidade de intervenções está voltada para dar mais suporte a essas famílias no cuidado de seus filhos, contrariando a ênfase dada pela literatura para a dificuldades de doentes mentais em cuidar de outras pessoas, em especial seus filhos. No entanto, é preciso conhecer quais são as estratégias e recursos de enfrentamento da doença já utilizados pela família (Zanetti, 2006).…”

“…As filhas questionam sobre a possibilidade do adoecimento acontecer devido aos fatores genéticos ou pela convivência com suas mães. Essa possibilidade dos filhos adoecerem também devido à doença mental está discutido em parte da bibliografia consultada (Blegen et al, 2010;Carvalho et al, 2007;Garley et al, 1997). Assim, ser responsável pelo cuidado com sua mãe, desde muito jovem, favoreceu a seu amadurecimento e sua postura de uma vida adulta e profissional.…”

Assistência à saúde mental de mulheres em cidade do interior de Minas Gerais

“…Toda essa gama de responsabilidades atribuídas à mulher exerce um impacto importante em suas vidas nos planos pessoal e familiar, principalmente no cuidado com os filhos e se reflete em seu desgaste físico e mental (CARVALHO et al, 2007). A fala desta participante, além da queixa relativa ao tempo dedicado pelo profissional, mostra o desejo da troca -ser ouvida, ser criticada -que pressupõe espaços de tempo maiores para que o atendimento tenha caráter de aprendizagem para a vida e não apenas para a prescrição de medicamentos.…”