Resumo Este artigo apresenta e opera preliminarmente um arcabouço analítico que fundamenta uma análise crítica das situações cotidianas vivenciadas em uma universidade, situações não somente formais ou acadêmicas, stricto sensu. Compõem esse arcabouço a ideia do campo universitário-urbano, as disposições sociais, os distúrbios e as situações problemáticas, o cotidiano e as experiências, os subcampos e polos. Esse arcabouço analítico está sendo constituído a partir de uma universidade federal pública, interiorizada e internacionalizada, sediada em pequenas cidades interioranas no nordeste do Brasil. Uma universidade profundamente marcada pela diversidade social, inclusos centenas de estudantes que são originários de países africanos. Os dados foram coletados, construídos, sistematizados e analisados a partir da imersão cotidiana no campo, com foco nos impactos da implantação da universidade em pequenas cidades, considerando particularmente os desafios enfrentados pelos discentes. Dentre os recursos metodológicos utilizados, cabe indicar a observação participante, a análise documental, questionários, depoimentos e entrevistas. Conclui-se que o campo universitário-urbano agrega agentes variados, com subcampos, polos esquemas cognitivos e sentidos partilhados, bem como formas singulares dos diferentes agentes lidarem com as situações problemáticas. Além disso, evidencia-se uma centralidade conflitual na dinâmica cotidiana, a presença de dois ciclos entre 2011 e 2019 e a existência de tensões persistentes entre hegemonias e subalternidades que se recriam. Entende-se, assim, que o artigo impacta positivamente os estudos e as análises sobre a educação superior, e, particularmente, sobre as universidades no Brasil.