A sílica é um dos principais agentes ocupacionais relacionados ao câncer de pulmão, sendo classificada pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) como substância do grupo 1, ou seja, carcinogênica para humanos, desde 1996. O objetivo deste trabalho é relatar dois casos de trabalhadores previamente expostos à sílica que apresentaram câncer de pulmão, atendidos ambulatorialmente, enfocando pontos relevantes da literatura atual sobre o assunto. (J Pneumol 2002;28(4):233-236) Lung cancer in workers exposed to silica (6) . Dos principais agentes ocupacionais implicados na etiologia do câncer de pulmão, a sílica é um dos que envolve maior número de expostos, estimados no Brasil em cerca de seis milhões de trabalhadores (7) ; entretanto, não se encontrou na literatura nacional nenhuma publicação da associação entre sílica e câncer de pulmão.O Ambulatório de Doenças Profissionais do Hospital das Clínicas da UFMG (ADP do HC-UFMG) atende, há quase 17 anos, trabalhadores expostos à sílica em diversas atividades profissionais, sendo a maioria proveniente de mineração subterrânea de ouro. Os pacientes comparecem em demanda espontânea ou são encaminhados por outros profissionais, por diversos motivos. Foi realizada uma revisão nos prontuários dos pacientes atendidos no
INTRODUÇÃONo Brasil, e na maioria dos países desenvolvidos, o câncer ocupa a segunda posição como causa de morte em homens, depois da doença coronária, excluindo as causas externas (1) . De todos os tipos de câncer, o pulmonar é o mais diagnosticado no mundo, sendo ainda, provavelmente, o mais letal em homens (2) . O tabagismo é a causa mais importante do câncer de pulmão, com clara relação dose-resposta e, usualmente, com longo período de latência entre o início e o surgimento do câncer, em