A finalidade desta pesquisa é mostrar como se deu a implementação da política de correção de fluxo escolar – Projeto “Tempos de Aprender” – no município de Juiz de Fora. Identificar quais foram os usos sociais e políticos do Projeto por parte dos diferentes atores envolvidos e quais foram as implicações para a educação municipal de Juiz de Fora a partir dessas perspectivas. O caminho metodológico percorrido tem caráter predominantemente qualitativo. Foram selecionadas para a pesquisa, quatorze escolas participantes do projeto entre o início, 2015, até 2018, recorte temporal definido para pesquisa. Os métodos de coleta de dados utilizados foram a pesquisa documental e entrevistas estruturadas (via e-mail) e semiestruturadas que favoreceram a compreensão do corpus de análise. Para fundamentar a análise dos dados, recorri à Laurence Bardin para análise de conteúdo, e à abordagem do ciclo de políticas proposta por Stephen Ball e colaboradores (1992; 1994), para análise da trajetória da política. E a teoria da atuação de Ball, Braun e Maguire (2012; 2016) para a política posta em prática. Autores como Bernard Charlot (2000; 2013; 2016), Miguel Arroyo (2000; 2011; 2014) e Rui Canário (2006) foram fundamentais para a compreensão do fenômeno do fracasso escolar, principal vetor de alimentação das políticas de aceleração da aprendizagem. A partir da análise desenvolvida, foi possível identificar que uma política, ao ser colocada em prática, toma conformações diferentes das pensadas por seus formuladores, o que pode comprometer a chance de atingir seus objetivos. Através de um intenso processo de adesões e resistências à política proposta, os indicadores apresentados permitiram concluir que o projeto contribuiu efetivamente para a redução dos índices de distorção idade-série no município, promovendo a correção do fluxo. E, os alunos em distorção idade-série são considerados como sendo o principal motivo de resistência à política. Anseio que minhas considerações possam auxiliar para que políticas como esta, quando colocadas em prática, possam levar em consideração as necessidades e reais condições das escolas, sem perder de vista os objetivos iniciais da proposta.