A categoria do grotesco é abordada através da análise da prancha 32 do Atlas Mnemosyne de Aby Warburg. Nela encontram-se imagens relativas principalmente ao Renascimento, abordando temas que atravessam os tempos desde a Antiguidade, como a dança da moresca, a corte amorosa e o culto à deusa Vênus, o gênero pictórico das Singeries (macaquices) e a luta pelos calções. Constata-se o vigor da categoria estética do grotesco, quando Aby Warburg dedica uma prancha apenas para ela. Juntamente com a análise das imagens, percorre-se as definições e reflexões sobre o grotesco em André Chastel, Wolfgang Kayser, e, principalmente em Victor Hugo, com seu postulado fundamental de que a forma grotesca se opõe ao clássico e existe na natureza e no mundo em nossa volta, mesmo que em um caleidoscópio de (in) definições. Outras categorias estéticas são abordadas em paralelo, como o belo, para o qual o grotesco surge como contraste; o cômico; o feio, com sua diversidade contrastante à unidade do belo. As imagens selecionadas por Warburg perpassam tais discussões teóricas e revelam polaridades fundamentais para compreender a expressão das comoções humanas: dionisíaco- apolíneo, loucura-razão, animal-humano, libertação-domesticação, caos-ordem, pathos-logos, distanciamento-imersão, expansão energética – contenção energética. Buscou-se igualmente compreender um método em Aby Warburg, seja na seleção e organização das imagens na prancha; seus interesses temáticos, nesse caso, as festas e tradições populares; o seu interesse pelo dissonante, para além das generalizações reducionistas e dos objetos canônicos da história da arte.