Lixo flutuante na Baía de Guanabara: passado, presente e perspectivas para o futuro

Abstract

Artigo recebido em 5 de junho de 2016, versão final aceita em 15 de agosto de 2016. RESUMO:A poluição por lixo flutuante nos ambientes marinhos e costeiros é um grave problema em todo o mundo, causado geralmente pela gestão ineficiente de resíduos nas zonas costeiras, gerando sérios impactos na vida selvagem, como, por exemplo, morte por ingestão de lixo. O presente estudo tem como objetivo analisar, sob uma retrospectiva histórica e perspectivas para o futuro, o problema do lixo flutuante na Baía de Guanabara. Como metodologia, a análise do passado foi realizada partir da revisão bibliográfica e documental. A análise do presente foi baseada em dados de campo quanto aos itens de lixo flutuante coletados em estudos realizados nas praias de Icaraí, Charitas e São Francisco, em Niterói, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, e no Manguezal do Parque Natural Municipal Barão de Mauá, em Magé, e em informações atuais sobre as ações em relação ao lixo flutuante. As perspectivas para o futuro se baseiam nos planos de saneamento básico dos municípios localizados no entorno da Baía de Guanabara que estipularam metas para a despoluição da Baía. Desta forma, os resultados obtidos demonstram que, apesar dos esforços dos órgãos públicos para despoluir a Baía de Guanabara, o lixo dos municípios do entorno dela continua a chegar ao estuário. Reforça-se, no entanto, que ainda é cedo para determinar se esses programas serão, de fato, eficazes, pois há muitas ações a serem realizadas envolvendo tanto a conscientização da sociedade como a participação de todos os atores sociais envolvidos.Palavra-chave: lixo flutuante; gestão de resíduos sólidos; Baía de Guanabara. ABSTRACT:The pollution of marine and coastal environments by floating litter is a serious problem around the world, usually provoked by an inefficient waste management in the coastal areas, that may generate severe impacts in the wild life, for example death by waste ingestion. The present study has the goal to analyse, under a historical retrospective and future perspective, the floating litter problem at Guanabara's Bay. Therefore, the methodology for the historical analysis was done by a literature study. In turn, the present analysis was based on field data related to the floating litter on previous studies at the beaches of Icaraí, Charitas and São Francisco located at the city of Niterói, Flamengo beach on Rio de Janeiro and at the Mangrove of Barão de Mauá City's Natural Park in Magé, respectively. Where samples were collected and current information about the actions related

Estudo das fontes de poluição por microplásticos recorrentes na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro

“…Apesar de tentativas de programas de despoluição da baía (Alencar, 2016) e medidas paliativas, como a implementação de ecobarreiras na foz dos rios contribuintes para reter os resíduos sólidos, ecobarcos para coleta do lixo flutuante na baía e a construção de Unidades de Tratamento de Rios (UTR) para despoluição das águas dos rios tributários ao estuário (Bernardino & Franz, 2016), a Baía de Guanabara ainda apresenta alta ocorrência de poluição plástica em suas praias, águas e sedimentos (Barletta et al, 2019;Olivatto et al, 2019). Em cidades maiores e mais industrializadas, a concentração de contaminantes adsorvidos aos microplásticos é grande (Wang et al, 2018), principalmente em estuários, que apresentam concentrações mais elevadas de poluentes do que rios e mares abertos (Bakir et al, 2014).…”

“…Nas areias da orla da Baía de Guanabara os plásticos constituem de 70% a 83% dos resíduos encontrados (Baptista Neto & Fonseca, 2011;Bernardino & Franz, 2016), onde o intemperismo é mais intenso favorecendo a fragmentação em microfragmentos plásticos (Andrady, 2015). A variação na concentração de microplásticos nas praias da Baía de Guanabara, analisada por Carvalho & Baptista Neto (2016), corresponde com a estação de chuvas (verão) e seca (inverno) na região, apresentando um pico de 1300 partículas.m −2 na época de cheias e máxima de 740 partículas.m −2 no período de estiagem.…”

“…A entrada de resíduos na Baía de Guanabara é estimada em cerca de 90 toneladas diárias, onde apenas uma parcela desses resíduos fica retidos nas ecobarreiras ou são retirados pelos ecobarcos presentes na região (Alencar, 2016). Observando que 19% dos resíduos gerados nos municípios integrantes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro são constituídos por plástico (Governo do Estado do Rio de Janeiro, 2018) e que este foi identificado como o componente predominante (66,4%) dos lixos flutuantes da baía (Bernardino & Franz, 2016), é possível inferir que a disposição e gestão inadequada de resíduos sólidos é uma fonte expressiva de poluição plástica para a Baía de Guanabara.…”

Potencial poluidor da disposição final de resíduos sólidos nas águas da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara – RJ

“…Além de concentrar a mais elevada densidade populacional do estado, nela também está inserida a maior concentração de aglomerados subnormais (IBGE, 2020) e os grandes geradores de resíduos do estado, como os municípios Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Belford Roxo e São Gonçalo. Além da significativa geração de resíduos e efluentes industriais, a região apresenta forte vulnerabilidade a eventos críticos de deslizamentos e inundações nas regiões de declive mais acentuado (BERNARDINO et al, 2016;GONZALEZ et al, 2020;ARAÚJO et al, 2002;BAPTISTA NETO et al, 2011;RIO DE JANEIRO, 2014). Os vários rios que são afluentes à baía contribuem para a descarga média anual de cerca de 200 m 3 /s (IBGE, 2020).…”

Classification of Urban Solid Waste Collected with the Use of Ecobarriers in Watercourses in the Municipality of Caçapava do Sul, RS

“…The authors Bernardino and Franz (2016) highlight in their studies that the identification of floating garbage is easily visualized on water resources (beaches, mangroves, lagoons, canals, rivers), causing negative environmental impacts. Forgiarini (2018) also point out that once floating garbage is present in the drainage system, it can reach coastal areas, especially in events of intense precipitation and strong winds that accelerate the transport of these materials.…”