RESUMO:Estudos conduzidos por cientistas naturais sobre a relação entre fauna silvestre e populações tradicionais muitas vezes não apontam a assimetria e as controvérsias inerentes ao tema, principalmente quando tratam da fauna carismática. O embate entre modos tradicionais de lidar com os problemas advindos da convivência com onças e o empenho em conservar esses animais está se dando em uma arena onde o diálogo é falho. O objetivo do artigo foi apresentar a rede sociotécnica desse conflito. Ao assumir a Teoria Ator-Rede como método para analisar essa relação, espera-se dar um passo para a composição de um mundo comum que considere de forma simétrica os humanos e não-humanos que compõem a rede. Os atores, suas práticas e conexões na rede e as dissonâncias nos discursos foram apresentados procurando seguir alguns preceitos básicos da teoria, como adotar a política como parte do fazer científico, abandonar a divisão modernista e as representações e assumir a multiplicidade ontológica.Palavras-chave: Teoria Ator-Rede; rede sociotécnica; onças; ribeirinhos; Amazônia.ABSTRACT: Studies conducted by natural scientists on the relationship between wildlife and traditional populations often do not indicate the inherent asymmetry and controversies of the subject, especially when dealing with charismatic fauna. The clash between traditional ways of dealing with the problems arising from the coexistence with big cats and the commitment to preserve these animals is taking place in an arena with little room for dialog. The