Resumo Este artigo apresenta uma discussão sobre a relação entre os processos políticos e as lideranças quilombolas. A pretensão aqui é entender como as transformações sociais, ocorridas dentro do arcabouço político estruturado nas últimas décadas no país, podem ter se configurado enquanto oportunidades políticas, sobretudo para a constituição e inserção de lideranças quilombolas em novos espaços sociais. Aliado a tais transformações estruturais, entender como essas líderes mulheres se apropriam de saberes e habilidades acumuladas em suas trajetórias e as reconvertem em recursos sociais e políticos. Assim, por meio de questionários e entrevistas abertas, este artigo demostra que as lideranças femininas da Serra das Viúvas desenvolvem por meio de suas lutas identitárias estratégias de projeção social e política, em meio a arenas de disputas de poder, que por sua vez, lhes conferem visibilidade dentro e fora da comunidade. Constata-se assim, que por meio de seu artesanato étnico, essas lideranças acionam diversificados recursos e habilidades e os reconvertem em estratégias políticas de empoderamento para diferentes inserções sociais.