K-pop, ativismo de fã e desobediência epistêmica: um olhar decolonial sobre os ARMYs do BTS

Abstract

Os fãs de K-pop têm chamado a atenção da mídia internacional por conta de seu engajamento em causas políticas e sociais em diversos países. No intuito de investigar a dimensão política do ativismo desses fãs em específico, este artigo se propõe a abordar o impacto global do K-pop, tendo em vista o debate mais abrangente sobre decolonialidade. Para tanto, utilizamos como objeto de análise o recente caso do fã-clube oficial do BTS, conhecido como ARMY, que desafiou os posicionamentos do presidente norte-americano Donald Trump. A partir de uma abordagem decolonial e da concepção de desobediência epistêmica, apontamos que o consumo da cultura pop sul-coreana dispõe de ferramentas que dialogam com a esfera não-ocidental e funciona fora da lógica colonial, especialmente em meio a ascensão global da boyband BTS.

“Só Quem É Fã Entende”: Uma Análise Da Construção De Sentidos Sobre O “Ser Fã” a Partir Das Narrativas De Sujeitos Pertencentes Ao Fandom Army

“…Fica claro, com a escuta das falas das informantes, que essa chance que dão a si também fortalece o sentimento de luta tão presente no fandom ARMY. Assim como nos esclarece Jenkins (2012), existe um senso de resistência compartilhada que motiva esses sujeitos a, mais uma vez desafiando as teorias acerca da passividade dos fãs, iniciarem práticas coletivas que podem sugerir diferentes mobilizações, podendo objetivar uma ação a nível micro ou macro (JENKINS, 2012;URBANO et al, 2020). Dentro do fandom ARMY, entretanto, essas ações têm tomado proporções surpreendentes, o que não nos permite estranhar ao perceber que isso gera uma influência para a mobilização de outros fandoms.…”

“…É possível vislumbrar esse ativismo a partir de atividades políticas que tomaram proporções globais, como foi o caso do movimento Black Lives Matter, em que a comunidade Kpopper, sendo (JENKINS, 2012;PARTOSA, 2021;URBANO et al, 2020). Como já abordado antes, essas movimentações têm se tornado cada vez mais comuns devido à facilitação dos meios de comunicação (BOSI, 2007;CURI, 2010), além de que, os modos de motivação dos Kpoppers para fins sociais são diversos e quase sempre efetivos (JENKINS, 2012).…”