Jornalismo e humanização

Abstract

Este trabalho, de caráter ensaístico, traz à discussão a influência de heranças eurocentristas na formação do pensamento e no fazer jornalísticos. Como a imprensa trata o indígena e o negro? A partir deste questionamento, desenvolvo um debate a respeito de traços socioculturais incorporados pela população desde a colonização e, consequentemente, por profissionais do jornalismo. Ao percorrer a história da construção de uma identidade nacional, seleciono alguns fenômenos que incidem sobre o comportamento da imprensa: a dominação do índio e a escravidão africana. Por meio do diálogo com referências da antropologia, da sociologia e do jornalismo, esta reflexão me permitiu constatar uma postura que compromete os preceitos dos direitos humanos, que desumanizam o jornalismo.

O telejornalismo e o reconhecimento dos povos indígenas do Brasil como sujeitos comunicacionais

“…Pensar decolonialmente significa, então, tornar inteligível o mundo social (e o comunicacional em seu cerne) tomando como base a condição de subalternidade, mas autoconsciente, rebelde e propositiva. (tradução das autoras) 2 Desta forma, a colonialidade do ser, do saber e do poder 3 colocam o campo da comunicação como estratégico para a manutenção das culturas subalternizadas nesta condição (Ijuim, 2020). A colonização dos imaginários se realiza com o silenciamento e com a representação estereotipada dos povos originários.…”

“…O protagonismo comunicacional destes sujeitos ainda está circunscrito, no entanto, às chamadas etnomídias, pois nos veículos da mídia hegemônica sua presença se limita muitas vezes a datas comemorativas e registro de manifestações. Denota-se que tal postura é característica do eurocentrismo que alicerçou as bases da imprensa no país: "os estigmas e os preconceitos perpassam a mente de grande fatia da sociedade e, por consequência, pelo pensamento de muitos profissionais de imprensa" (Ijuim, 2020).…”

“…Em especial setores conservadores da Imprensa, que vêm sendo chamados de mídia mainstream, com raras exceções, têm dotado uma postura que merece ser examinada de forma crítica. (Ijuim, 2020) Ao noticiar fatos sem ouvir os indígenas e sem contextualização, amplificam-se as diferenças, o tom preconceituoso e o olhar restrito. É um círculo vicioso, pois enquanto grande parcela dos brasileiros não reconhecerem os direitos dos povos indígenas, a mídia hegemônica não cumprirá seu papel de estimular os direitos humanos (Ijuim, 2020).…”

“…(Ijuim, 2020) Ao noticiar fatos sem ouvir os indígenas e sem contextualização, amplificam-se as diferenças, o tom preconceituoso e o olhar restrito. É um círculo vicioso, pois enquanto grande parcela dos brasileiros não reconhecerem os direitos dos povos indígenas, a mídia hegemônica não cumprirá seu papel de estimular os direitos humanos (Ijuim, 2020). "Se é função do jornalista dar visibilidade à pluralidade e opiniões, também é seu papel construir a realidade a partir do interesse público, fornecendo elementos para seus leitores formarem um juízo de opinião sobre a cotidianidade" (Amaral, 2002, p.5).…”

Objetividade na encruzilhada: giro decolonial e epistemologia de Exu no fazer jornalístico

“…Autoras como Medina (2012Medina ( , 2014 tem defendido uma abordagem dos afetos, do cotidiano e da humanização. Ijuim (2012Ijuim ( , 2017Ijuim ( , 2020 defende a humanização do jornalismo, adotando elementos da subjetividade como estratégias contra o desrespeito aos direitos humanos contra grupos minoritários por parte dos grandes jornais do país. O autor tem discutido de forma profunda a relação do pensamento colonial com as práticas jornalísticas:…”