Esta produção de João de Castro Osório tem o alto valor documental de atestar uma presença única: a influência, no teatro português, do eixo Nietzsche / Wagner, num contexto ideológico esperado. Ele constitui o único caso de composição de trilogias dramáticas em Portugal. O teatro de Castro Osório é marcado por um forte componente da retórica ultra-romântica, o que torna difícil a sua encenação. De acordo com a classificação do autor, trata-se de um “Poema dramático”. Se o acontecimento motivador mais próximo de sua composição fosse, talvez, a Guerra Colonial e a defesa da manutenção das colónias, evocando o glorioso passado de Portugal, ao romper os mares e conquistar terras distantes, rapidamente, em toda a Trilogia de Tróia, o autor se demarca desta referência histórica para vôos mais elevados, no seu imaginário estético sobre o mito de Tróia e o seu tratamento épico-homérico. Nas três peças - Helena, Aquiles, Apoteose - a evolução da acção chega a um fim inesperado: o par amoroso Aquiles e Helena caminha, cada vez mais alto, através das chamas da Acrópole de Troia, até uma apoteose: os Deuses de medo são derrotados pelo heróis, em quem a verdadeira Divindade habita – é que o homem heróico é demasiado grande para ser destruído. A Morte e a Vida constituem as duas faces da mesma realidade: a imortalidade.