O propósito desta dissertação consiste em analisar o livro Antonio, de Beatriz Bracher, à luz do trágico. Trata-se de uma saga familiar transgeracional que registra a decadência de uma família da burguesia paulistana durante o século XX. A hipótese que orienta a análise é a de que algo inconciliável se manifesta na vida de um de seus membros que ao viajar, rumo ao sertão mineiro, sucumbe às próprias escolhas, marcando negativamente a vida de todos à sua volta. O sujeito contemporâneo vive a falência das grandes narrativas do século XX, como a frustração das ideias libertárias das décadas de 60 e 70 e, de alguma maneira, sente-se desamparado, perdido diante de um futuro incerto. Esse cenário de crise existencial seria fértil para ressurgimento da tragédia por meio de traços ou "escombros trágicos" na ficção contemporânea. Por último, a partir do conceito de literatura política, pretende-se verificar se Antonio concentra questões relevantes sobre o Brasil contemporâneo sem apelar para visão conciliadora no âmbito da ficção, ou seja, problematizando a modernidade à brasileiraou as suas ideias modernizantes e modernizadoras. Palavras-chave: Beatriz Bracher, Ficção contemporânea, literatura política, sertão, trágico.