Clínicas da FMUSP.relação ao peso corpóreo. Além disso, nessa faixa etária a hipoglicemia apresenta-se mais com irritabilidade, dificuldades alimentares, letargia, cianose, taquipnéia e/ou hipotermia que com os sintomas adrenérgicos e neuroglicopê-nicos típicos vistos em adultos 1 , o que dificulta o reconhecimento do quadro e expõe o sistema nervoso central (SNC) a lesões que podem levar a convulsões ou retardo mental. O médico fica, portanto, diante do desafio de reconhecer o quadro clínico da hipoglicemia, instituir imediatamente uma terapêutica de suporte e buscar o diagnóstico etiológico, que redundará num tratamento muito mais eficaz e na preservação da integridade do SNC. O objetivo desta revisão é repassar conceitos de fisiologia homeostática da glicose, apontando as principais causas de hipoglicemia e fornecer subsídios para o pediatra lidar com a emergência hipoglicêmica minimizando os riscos de seqüelas neurológicas.
IntroduçãoNo momento do nascimento, com a interrupção do fornecimento de glicose via cordão umbilical, o recém-nascido é exigido no sentido de continuar a suprir as necessidades dos diversos órgãos da economia e, muito particularmente, do cérebro. É extremamente delicado o equilíbrio entre produção e utilização de glicose no recém-nascido e na criança pequena: a produção hepática de glicose é duas a três vezes a do adulto, ao mesmo tempo que o cérebro consome até 6 vezes mais glicose, sempre em
ResumoObjetivo: A hipoglicemia na infância tem o potencial de graves conseqüências deletéreas ao sistema nervoso central (SNC), de modo que a demora na solução do problema pode deixar seqüelas irreversíveis. O objetivo desta revisão é fornecer elementos para um adequado atendimento diante de uma situação de hipoglicemia.Métodos: Procedemos a um levantamento bibliográfico no Medline, abrangendo um período de 10 anos, e selecionamos os artigos que melhor resumissem os dados fisiopatológicos e de conduta terapêutica frente a uma hipoglicemia.Resultados: Há ainda hoje grande divergência quanto à melhor conduta diante de quadros de hiperinsulinismo, que usualmente apresentam-se já no neonato e acometem a criança em sua fase mais vulnerável em termos de integridade do seu SNC. Ainda persiste a dúvida entre a opção cirúrgica, com pancreatectomia radical, em que 95% do pâncreas é removido, com suas seqüelas a longo prazo, e a opção medicamentosa, havendo bons autores defendendo cada uma destas alternativas terapêuticas.Conclusões: A tarefa de preservar a função e a integridade do SNC nunca deve ser neglicenciada, e todos os esforços devem ser aplicados no sentido da elucidação etiológica do processo e da preservação de um suprimento adequado de glicose ao cérebro, evitando que disfunções irreversíveis se instalem.J. pediatr. (Rio J.). 1997; 73(4): 231-238: hipoglicemia, nesidioblastose, hiperinsulinismo, hipoglicemia cetótica, BeckwithWiedemann.
AbstractObjective: Hypoglycemia in the infant is potentially hazardous to the central nervous system(CNS), and any delay in solving the problem may impose irrevers...