RESUMO -Apesar da introdução na atuação comunitária de práticas baseadas em evidências, sabemos pouco sobre a eficácia das intervenções fora de contextos de pesquisa. A área dos treinamentos de habilidades sociais carece de estudos em settings de mundo real, com números suficientes de participantes e follow-up. Investigou-se, em 34 universitários, o efeito a curto e longo prazo de um grupo de treinamento de habilidades sociais, num contexto de mundo real. Escores de habilidades sociais (IHS) e ansiedade (IDATE) foram verificados antes, depois da intervenção e após um intervalo de follow up. Os escores em ambos os testes melhoraram do pré-teste para o pós-teste, e se mantiveram estáveis do pós-teste para o follow-up no intervalo de três meses a cinco anos.Palavras-chave: treinamento de habilidades sociais, ansiedade, estudantes universitários, práticas baseadas em evidência
Short and Long Term Effects of a Social Skills Development Group for University StudentsABSTRACT -In spite of the trend to implement evidence-based practices in community settings, we know little about the efficacy of interventions outside research contexts. There is a lack of empirical studies on the effects of social skills training in real-world contexts that include sufficient numbers of participants and follow up studies. The short and long-term effects of a social skills training of 34 college students were investigated in a real world setting. Social skills (IHS) and anxiety (STAI) scores were checked before and after the intervention and after a follow up interval. Both anxiety and social skills improved from the pre-test to post-test, and both remained stable from the post-test to follow-up after 3 months to 5 years.Keywords: social skills training, anxiety, college students, evidence-based practice
Habilidades sociais: uma conceitualizaçãoHistoricamente o campo das habilidades sociais foi construído de forma eclética, com maior influência por parte das abordagens cognitivas e comportamentais. Segundo Del Prette e Del Prette (2000), a origem desse campo deve-se a dois movimentos concomitantes: o do treinamento assertivo iniciado por Wolpe e Lazarus nos USA e o treinamento de habilidades sociais liderado por Argyle na Inglaterra. A categoria da assertividade foi absorvida dentro do universo mais amplo das habilidades sociais (Bolsoni-Silva et al., 2006;Del Prette & Del Prette, 1996). Além desses, Bolsoni--Silva (2002) aponta outros modelos que contribuíram para o campo, como o modelo de aprendizagem social, de crenças irracionais, vulnerabilidade cognitiva, percepção social e da teoria dos papéis para citar alguns exemplos.No Brasil, o desenvolvimento do campo conceitual das habilidades sociais foi tardio e tende a integrar diversos desenvolvimentos anteriores na literatura internacional. Del Prette e Del Prette (1996) incluem "todo e qualquer desempenho emitido em interações sociais" (p. 242) na categoria de habilidades sociais. Essas podem ser categorizadas nas funções: conceitual, que envolve um conjunto de suposições e teorizações...