RESUMOO presente relato exemplifica uma interação centrada no cliente, realizada no Centro de Atenção Psicossocial de Ribeirão Preto/SP. É parte das atividades desenvolvidas na disciplina de pós-graduação "Relacionamento Interpessoal em Enfermagem", na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; desenvolvida no período de março a junho de 2006. A interação ocorreu por meio de uma entrevista utilizando a técnica não diretiva, na qual o enfermeiro buscou compreender o cliente, estimulando-o a falar sobre suas preocupações e anseios e concentrando-se na pessoa, e não em seu problema. Algumas falas se perderam, parecendo desconexas, mas o enfermeiro buscou esclarecer as idéias expostas e criar condições favoráveis para que o cliente alcançasse o significado de sua doença para si mesmo. O centro da interação foi o cliente e tudo o que ele considerou significativo. O enfermeiro foi o veículo da ajuda. A "não-diretividade" é uma abordagem complexa, sendo terapêutica sempre que o cliente expõe seus sentimentos e o enfermeiro pode compreendê-lo e ajudá-lo de acordo com suas necessidades.
INTRODUÇÃOO cuidado ao doente mental sempre gerou controvérsias. O papel do enfermeiro como cuidador, além das habilidades técnicas, implica sensibilidade de escuta e ativação dos demais sentidos, a fim de compreender o sofrimento da pessoa e ajudá-la a construir novos modos de convivência consigo e com a sociedade (1)(2) . Uma das principais metas da assistência em enfermagem psiquiátrica é estabelecer relações solidárias, em que o enfermeiro procure ajudar o cliente a desenvolver novas competências para lidar com as suas dificuldades (3) . Essa relação entre enfermeiro e cliente pode ser definida como uma "parceria" que é promovida pela comunicação significativa, contínua, baseada na honestidade, humildade e respeito mútuo (4) . Conhecer as bases teóricas dessa relação, aprofundando os fundamentos para a prática do cuidado, contribui significativamente para a melhoria e visibilidade do cuidado, com ênfase na cientificidade, habilidades técnicas e humanismo (5) . A relação enfermeiro-cliente, que é também denominada relação de ajuda, relação de pessoa a pessoa ou relacionamento terapêutico, tem sido objeto de estudos e reconhecida como forma de pensar que deve estar presente em todas as atividades da enfermagem (6) . Ocorre quando alguém busca ajuda e outra pessoa (capaz de prestar auxílio) coloca-se profissionalmente disposta a compreender o problema, a fim de ajudar o outro a evoluir pessoalmente no sentido de sua melhor adaptação pessoal, por meio de um relacionamento interpessoal (1) . Para efetivar essa relação com o cliente, o enfermeiro deve valer-se de sua competência em comunicação e do seu conhecimento sobre comunicação humana, a comunicação terapêutica e a avaliação de seu uso (7) . Destarte, a comunicação é um componente essencial nas relações interpessoais e tem como