Inovação didática no Ensino de Física: um estudo sobre a adoção do método Instrução pelos Colegas(Peer Instruction) no contexto de Mestrados Profissionais em Ensino no Brasil

Abstract

Entre outros fatores, a melhoria da qualidade da educação escolar demanda investimentos na formação didático-pedagógica dos docentes. Essa não deve ficar restrita à formação inicial, mas também incluir à continuada, os auxiliando a refletirem sobre suas práticas, construírem e adaptarem soluções inovadoras, à altura dos desafios que encontram em seus respectivos contextos educacionais. Ao encontro desse objetivo, apresentamos os resultados de um estudo sobre a adoção de um dos métodos ativos mais utilizados no ensino de física, o Instrução pelos Colegas (IpC), que vem sendo sistematicamente adotado no contexto dos Mestrados Profissionais em Ensino (MPEs) e no qual se demanda a elaboração e implementação de um produto educacional inovador e disseminável. Elegemos os participantes de nossa investigação a partir de uma busca por dissertações de MPE em que os professores utilizaram o IpC em aulas de Física, no período de 2004 a 2020. Foram selecionadas e analisadas 45 dissertações e um questionário sobre a aplicação do IpC enviado aos seus autores sendo investigadas as modificações mais frequentes no método e algumas das justificativas para essas mudanças. As mudanças mais recorrentes identificadas no estudo dizem respeito às atividades de preparação prévia por parte dos alunos e a dinâmica de aplicação dos testes conceituais em sala de aula. Além disso, levantamos hipóteses explicativas para tais modificações que podem servir de ponto de partida para estudos futuros sobre o tema. Apresentamos também algumas considerações sobre esses resultados no contexto educacional brasileiro, comparando com os resultados de estudos norte-americanos.

Avanços, Desafios e Potencialidades: A Trajetória dos Mestrados Profissionais em Ensino de Ciências no Olhar da Pesquisa

“…• Limitações identificadas em PPE e dissertações do MPEC. Em relação às dissertações, são criticadas: descrições sucintas ou incompletas dos processos de escolha, criação e implementação dos PPE (Chisté, 2016;Petter et al, 2021); poucas evidências de mudanças realizadas a partir da avaliação dos PPE (Silva & Villani, 2022); e de falhas presentes no conteúdo, como endereços eletrônicos dos PPE desatualizados (Nascimento et al, 2017b). Em relação aos PPE, estão presentes críticas sobre: a seleção temática do conteúdo tradicional, deixando de priorizar temas contemporâneos, como relações étnico-raciais nas ciências (Oliveira et al, 2021); a qualidade da produção e centralidade da produção de conhecimento baseada na revisão de trabalhos acadêmicos (Nascimento et al, 2015); e a defasagem entre implementação e publicação dos PPE (Nascimento et al, 2017b).…”

“…• Desenvolvimento dos PPE em um processo de pesquisa científica em constante ligação com a sala de aula (e.g., Allevato & Amaral, 2022;Latini et al, 2011); • Criação de PPE com relevância social, através do atendimento a demandas educacionais específicas (e.g., Latini et al, 2011;Souza et al, 2016); • Aproximação entre teoria e prática pela adoção de fundamentação teóricometodológica consistente e em diálogo com pesquisadores(as) em Educação em Ciências -mobilizando, por exemplo, aspectos de História e Filosofia das Ciências ou discussões das relações étnico-raciais (e.g., Oliveira et al, 2021;Paulo & Almeida, 2021); • Planejamento e avaliação de metodologias, estratégias didáticas e recursos inovadores (e.g., Petter et al, 2021), bem como reconhecer a avaliação da implementação dos PPE como parte indispensável da pesquisa e requisito para a conclusão do curso de MPEC (e.g., Paulo & Almeida, 2021); • Disponibilização das produções intelectuais dos MPEC com amplo acesso pela área de pesquisa e, principalmente, por professores(as) da Educação Básica (Chisté, 2016);…”

“…Dificuldades nesse processo têm sido reconhecidas, com pouca distribuição e acesso aos produtos (e.g., Petter et al, 2021;Ortiz et al, 2022), a raridade de bases de dados unificadoras para PPE (Pereira & Erthal, 2022) e dificuldades em sua publicação em periódicos da área de pesquisa em Educação em Ciências (Grassi et al, 2016);…”

As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no Ensino de Física: Uma revisão sistemática no contexto do Ensino Remoto Emergencial

“…No contexto do Ensino de Física, várias pesquisas apontam que o uso dos recursos digitais no processo de ensino e aprendizagem, quando integrados aos aspectos curriculares e pedagógicos, podem trazer ganhos de aprendizagem para os estudantes (ARAÚJO, 2005;DORNELES, 2005;CARDOSO;DICKMAN, 2012;ARAÚJO;VEIT, 2012;RODRIGUES et al, 2018). No início do ano de 2020, com o avanço da pandemia do Covid-19 em nosso país, instaurou-se um contexto extremamente difícil, que impactou a dinâmica da sociedade em praticamente todas as esferas, principalmente a educacional.…”