“…Esta confiança, no entanto, tem sido abalada e sofre revezes: a má administração científica, o tráfico de influência e, no caso de psiquiatras, o pagamento de viagens a congressos (WHITAKER, 2017). A influência da indústria farmacêutica na publicação de resultados em artigos científicos (HEALY, 2006) tem levado associações médicas a manifestações públicas estabelecendo e esclarecendo limites éticos para a prática profissional, a exemplo do Conselho Federal de Medicina no Brasil (CFM, 2019;MAZON, 2019). Distanciamo-nos, então, da perspectiva dos mercados como livre de jogo de forças entre atores racionais com preferências dadas e -nesta perspectiva da construção social dos mercados -interessa-nos focar amudança da ordem de questões proposta por Ecks (2013), no lugar da ênfase econômica, a ênfase cultural do fenômeno: ao invés de interrogar quais drogas estão disponíveis no mercado para curar doenças, compreender antes como a presença das drogas e dos diagnósticos influencia a existência e a legitimação das doenças.…”