Igreja Universal do Reino de Deus: entre o “plano de poder” e a lógica de minoria perseguida

Abstract

<jats:p>Resumo: A literatura acadêmica sobre a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) tem privilegiado o seu lado expansionista religioso e de conquista de poder político. Porém, um olhar mais acurado pode perceber outra maneira, pela qual a igreja constrói sua imagem pública, a de minoria perseguida. A partir de uma discussão conceitual sobre a noção de minoria aplicada ao caso brasileiro, procuro desenvolver indicadores, através dos quais se pode identificar uma lógica de minoria regendo, ao lado de sua vocação para o poder, a dinâmica de atuação pública e política da igreja. São estes os indicadores: seu pragmatismo político, sua postura de realizar alianças e de se mostrar respeitando às mediações políticas e sociais, dentro de um quadro de pluralismo religioso no país.</jats:p>

A incorporação da pandemia na retórica da Igreja Universal do Reino de Deus

“…a inserção e influência no poder econômico, domínio da mídia e controle de posições táticas no Estado (Camurça, 2020). No caso, este plano de poder volta-se sobretudo para a difusão de um modo de vida específico a todos os povos, aos moldes do american way of life (Hunt, 2000).…”

“Pelo governo de Deus"

“…Ao lado do plano individual, o domínio de Deus deve alcançar o plano coletivo, da Nação, por meio da ocupação do Estado e de suas estruturas por agentes cristãos ou credenciados pela religião. A Igreja Universal do Reino de Deus tornou--se a expressão mais destacada desta teologia (Mariano, 1999;Mafra, Swatowiski & Sampaio, 2012;Camurça, 2020).…”

Religious Leaders in Politics: Rio de Janeiro Under the Mayor-Bishop in the Times of the Pandemic

“…To this end, Crivella used a discourse that his church was a religious minority itself, so he would not persecute other minorities, and also the idea that Brazil is a secular state (though not atheist). Camurça ( 2020 ) shows that the idea of religious minority is the key to understanding the social and religious identity of the IURD and its activity in public space—the uses of the term are strategic, sometimes demonstrating autonomy, liberalism, and modernity of the church and sometimes opposing Catholics as an oppressive religious majority in Brazil.…”

“…Despite having a strong support from all Evangelical segments, Crivella, according to Machado ( 2006 ), did not want to restrict himself to the (neo)Pentecostal public, and he did eventually manage to expand his electorate beyond his religious brethren. This long-term, successful strategy had already made him gain political space throughout several elections before the 2016 campaign for the mayor of Rio de Janeiro—he has always adopted, on the one hand, political pragmatism but, on the other hand, a moderate approach in many controversial matters, which is a typical policy applied by the IURD when promoting its political candidates, project, and investments 16 (Camurça 2020 ; Burity 2018 ; Mariano 1999 ). At one point, Crivella apologized for his homophobic statements in the past, pledging to maintain the city’s funding for the Gay Parade and the Carnival, confirming his deep respect for all kinds of minorities’ demonstrations and promising to finish off with any prejudice against the LGTB community during his term.…”