Numerosos fungos podem lesar o sistema nervoso, determinando quadro anátomo-clínicos graves e variados. As neuromicoses são, quase sempre, secundárias a processos alhures situados ; propagando-se a infecção por via hemática, linfática ou por contigüidade. A freqüên-cia de tais processos varia com o fungo considerado, havendo alguns que acometem freqüentemente o sistema nervoso, ao passo que outros só o fazem raramente. Neste trabalho será feita revisão, tão completa quanto possível, do que tem sido publicado a respeito, de modo a possibilitar tentativa de esquematização da sintomatologia neurológica e das alterações do líquido cefalorraquidiano em tais eventualidades. Por outro lado, foram feitas pesquisas sistematizadas -neurológicas e humorais -em pacientes portadores de granulomatose paracoccidióidica. O trabalho será dividido, pois, em duas partes: na primeira, cuidaremos da revisão bibliográfica das várias micoses do sistema nervoso; na segunda, serão relatadas pesquisas pessoais feitas em relação à granulomatose paracoccidióidica (Paracoccidioides brasiliensis).
Dos vários tipos de fungos classificados nos tratadosde micologia e patogênicos para o homem, só alguns têm sido encontrados no sistema nervoso. Por essa razão, deixaremos de parte a classificação geral destes parasitos e o estudo das caraterísticas dos vários grupos de cogumelos -assuntos abundantemente expostos e discutidos nos tratados especializados -para nos atermos ao estudo anátomo-clínico, micológico e liquórico das espécies que interessam à neurologia. Com este critério, a primeira parte deste trabalho será subdividida em 8 capítulos: 1 -Leveduroses (Trichosporon e Candida) ; 2 -Granulomatose criptocócica ou torulose (Cryptococcus neoformans) ; 3 -Blastomicose americana (Gilchristia dermatitidis) ; 4 -Granulomatose coccidióidica [Coccidioides immitis); 5 -Esporotricose (Sporotrichum Schenki) ; 6 -Actinomicose (Actinomicetos de várias espécies) ; 7 -* Docente-livre e assistente