Harmonização orofacial: análise do conhecimento dos Cirurgiões-Dentistas sobre os riscos clínicos e aspectos legais e éticos na prática da rinomodelação e bichectomia

Abstract

A harmonização orofacial consiste em tornar os terços da face de um paciente mais aceitáveis esteticamente por meio de procedimentos como: preenchimento facial com biomateriais, aplicação da toxina botulínica, bichectomia, lipoaspiração cervical e rinomodelação. O objetivo desse estudo é avaliar a percepção dos Cirurgiões-dentistas a respeito da capacidade técnica para executar procedimentos de rinomodelação e bichectomia quanto ao respaldo legal para sua execução. Após aprovada em comitê de ética a presente pesquisa, foi aplicado, aos profissionais que se dispuseram a participar, um questionário estruturado autoaplicável com 15 questões que versam sobre o perfil do participante, tópicos de harmonização orofacial e os assuntos específicos sobre bichectomia e rinomodelação. Dos 180 questionários respondidos, 105 (58,3%) eram de profissionais do gênero feminino, 41 (22,9%) afirmaram realizar procedimentos de harmonização orofacial em sua rotina clínica. Questionados ainda sobre estarem aptos a tratar uma necrose nasal já instalada, 19 (11,0%) participantes declararam estar aptos a proceder com esse tipo de tratamento, enquanto 110 (72,8%) deles informaram que encaminhariam esse caso para um Médico. Foi possível perceber que, de forma geral, os profissionais não tem conhecimento das normativas que os respaldam quanto à execução de novos procedimentos incluídos ao rol dos que a Odontologia já pratica, além disso, mesmo os profissionais que frequentaram cursos de capacitação em Harmonização Orofacial, grande parte não se sente confiante para realizar procedimentos como rinomodelação e tratar suas complicações.

Bichectomia: relato de caso

“…Na Odontologia há uma preocupação não apenas com restabelecimento da função mastigatória, mas também com a harmonia estética dos terços da face (Rodrigues, 2021). Dentre os procedimentos realizados pelo cirurgião-dentista, a bichectomia ganhou destaque recentemente por ser uma técnica simples, que pode ser realizada em consultório sob anestesia local e que consegue solucionar tanto problemas funcionais, como o mordiscamento crônico da mucosa jugal, quanto problemas estéticos, como o excesso de volume em terço médio da face (Dias et al, 2018;Hasse & Lemperle, 1994;Kindlein, 2017;Moura et al, 2018), o que pôde ser observado no presente relato de caso.…”

Atendimento humanizado em harmonização orofacial: revisão integrativa da literatura

“…A harmonização orofacial é a especialidade odontológica responsável por tornar os terços da face de um paciente mais proporcionais esteticamente através de procedimentos como: preenchimento facial com biomateriais, aplicação da toxina botulínica, bichectomia, lipoplastia cervical e rinomodelação (Rodrigues, 2021). Os conceitos hoje vigentes para o diagnóstico e plano de tratamento odontológico remetem ao equilíbrio e harmonia dos traços faciais de cada paciente de forma individual, através da análise facial.…”

“…Mas, para Cavalcanti et al, (2017) os pedidos vão muito além do sorriso, os pacientes buscam saúde, função, beleza, rejuvenescimento, harmonia e bem-estar, ou seja, estão mais exigentes na busca da harmonia entre um belo sorriso e uma face equilibrada. Rodrigues et al, (2021) justifica que isso ocorre porque a Odontologia vem tratando o paciente de maneira mais abrangente, indo além do que é padronizado.…”

“…Por fim, em tudo o que for fazer, o cirurgião-dentista deve sobretudo prezar pelo bom senso, zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão, evitando a prática de atos que visem a mercantilização da Odontologia ou sua má conceituação (Rodrigues, 2021).…”

“…No que diz respeito aos aspectos éticos: Todo cirurgião-dentista tem o direito de diagnosticar, planejar e executar tratamentos segundo sua convicção e dentro dos limites de suas atribuições (BRASIL, Art 5º -inciso I; Res.CFO -118 -CEO, 2012). Porém, no que se refere ao tratamento humanizado,Guerra et al, (2014) defende que é indispensável que o profissional reconheça o direito do paciente de participar, e não apenas ser "informado" das decisões que levam ao delineamento do seu plano de tratamento Rodrigues (2021),. pontua ainda conforme a Resolução do Conselho Federal de Odontologia (CFO -118 -CEO, 2012), que o cirurgião-dentista deve zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão; bem como zelar pela saúde e pela dignidade do paciente; Não devendo envolver-se em prática de atos que impliquem na mercantilização da Odontologia ou sua má conceituação; E na relação profissional-paciente sempre esclarecer adequadamente os propósitos, riscos, custos e alternativas do tratamento, entre outros Kessamiguiemon et al, (2017).…”