Guerra às drogas?

Abstract

O artigo em tela pretende abordar a guerra às drogas, debatendo os sustentáculos racistas desta guerra e a manutenção da hierarquia racial que ela provoca. Para isso, se deterá em duas dimensões da política proibicionista e belicista brasileira de combate às drogas, o genocídio e o encarceramento da população negra. Palavras-Chave: racismo; guerra às drogas; genocídio da juventude negra; superencarceramento.

Drogas, proibicionismo e o cuidado em liberdade: desafios à política Pública

“…O proibicionismo e sua guerra às drogas estruturam-se, portanto, como projeto colonialista, higienista, racista, genocida e de morte que se configura como política de racismo do Estado brasileiro para com a maioria da classe trabalhadora, a população negra e seus territórios racializados (Ferrugem, 2019;Paula, 2022). A cada momento histórico, estas políticas são atualizadas e impostas sob a ordem do capital, ainda mais em contexto neoliberal, com sua lógica e estrutura históricas e contemporâneas de manutenção das desigualdades sociais.…”

Comunidades Terapêuticas: a construção de uma política manicomial e proibicionista

“…Ao pensar os usuários de drogas na licitude ou na ilicitude do termo, faz-se notória e necessária a compreensão da hierarquia racial sobre tais corpos, que definirá pela raça/classe/gênero os usuários e os traficantes de droga (Ferrugem, 2019). É de fundamental importância a compreensão de que o olhar sobre os usuários de drogas se dá pela moralidade, pela criminalização e pelo proibicionismo das drogas, atravessados pelo racismo estrutural e institucional no exercício do poder sobre alguns corpos.…”

Encarceramento e racismo estrutural na América Latina e Brasil

“…A partir do discurso da guerra às drogas são frequentes as abordagens policiais com armamento pesado, o que tem provocado a morte de significativo contingente da população que vive nesses espaços (FERRUGEM, 2019). Nesse contexto, os direitos sociais são sistematicamente desrespeitados, considerando que "[...] aulas são canceladas, trabalhadores ficam com medo de sair de casa, comércios e equipamentos públicos fecham as portas [...]" (TELLES; AROU-CA; SANTIAGO, 2018, p. 107), e, "[...] centenas de vidas, a maioria delas de jovens negros, são perdidas" (TELLES; AROUCA; SANTIAGO, 2018, p. 107).…”