Gradientes Altitudinais: Conceitos E Implicações Sobre a Biologia, a Distribuição E a Conservação Dos Anfíbios Anuros

Abstract

RESUMO O entendimento dos padrões da riqueza de espécies ao longo de gradientes ambientais tem sido o foco de muitos estudos de ecologia e de biogeografia nas últimas décadas. Dentre estes, a maioria dos casos de distribuição da riqueza de espécies ao longo de gradientes altitudinais mostra uma tendência para um pico de maior riqueza de espécies em altitudes intermediárias ou para um declínio linear da riqueza com o aumento da elevação. Devido à grande diversidade de espécies e por ocuparem uma grande amplitude altitudinal, os anfíbios possuem elevado potencial como organismos modelo para este tipo de estudo. Assim, este trabalho teve o objetivo de verificar o estado atual do conhecimento sobre a biologia, a distribuição e a conservação de anfíbios ao longo de gradientes altitudinais, com base em pesquisas realizadas usando a base de dados do Web of Science, Scielo e Google Acadêmico, bem como nas referências bibliográficas dos artigos encontrados. As implicações de algumas variáveis ambientais (ex. disponibilidade de copos hídricos, temperatura, oxigênio) sobre a biologia dos anfíbios foram discutidas. Foram registrados 30 artigos sobre a distribuição de espécies de anfíbios anuros ao longo de gradientes altitudinais. A maioria dos estudos sobre o tema indica que ocorre diminuição no número de espécies nas altitudes mais elevadas, alguns mostrando a existência de pico de diversidade nas altitudes intermediárias. A maioria dos estudos que testaram o efeito Rapoport mostrou que os anuros tendem a não seguir este padrão. No Brasil, apenas dois estudos consideraram o efeito da altitude sobre a distribuição das espécies de anfíbios. A amplitude altitudinal nesses estudos é restrita, e isso, associado ao efeito de localidades distantes e distintos anos de amostragens, ainda limita a compreensão da distribuição das espécies de anuros ao longo dos gradientes altitudinais no Brasil. De fato, não existem estudos publicados com um desenho experimental delineado para avaliar este tipo de questão para os anuros no Brasil, apesar do grande potencial do país tanto em termos de diversidade de anuros como em termos de disponibilidade de localidades com amplitude altitudinal relativamente elevada.

Diversity and Distribution of Anurans From Mata Das Flores State Park, Espírito Santo, Southeastern Brazil

“…The state parks of Pedra Azul and Forno Grande have altitudes between 960-1910m and 1200-2039m, respectively, while the MFSP has a maximum altitude of 740m. In general, it is well known that differences in altitude can result in significant changes in the composition and structure of frog communities, changing the diversity and density of organisms (Janzen 1967, Siqueira & Rocha 2013, Goyannes-Araújo 2015. In addition, the fragmentation and incidence of various impacts in the MFSP area, such as human settlements inside the park area, intense noise and dust (due to the road intersecting the Park) and the presence of exotic species may have influenced the absence of species more sensitive to environmental disturbances.…”

Anurans of Juiz De Fora Municipality, Zona Da Mata of Minas Gerais State, Brazil

“…Most of this high diversity occurs in areas of medium elevation (about 600 m a.s.l.) in the AF (Siqueira & Rocha 2013), although some studies suggest that high elevation areas (about 1000 m a.s.l.) in mountainous regions of southeastern Brazil reach higher levels of endemism (e.g., Serra do Mar and Oecol.…”

Spatial distribution and associated flora of Alcantarea nahoumii, a vulnerable endemic species to rocky outcrops of the Serra da Jibóia, Bahia, Brazil

“…The altitudinal patterns observed regarding richness of species can be explained by climatic, biological, geographic and/or historical factors (Lomolino 2001;Siqueira & Rocha 2013). Altitude can be considered a substitute for a set of biotic and abiotic factors that influence the structure of communities, especially plants (Ferraz et al 2003;Rahbek 2005).…”

“…Altitude can be considered a substitute for a set of biotic and abiotic factors that influence the structure of communities, especially plants (Ferraz et al 2003;Rahbek 2005). As altitude increases, there is a decrease in temperature, primary productivity and available area for occupation, causing changes in habitat complexity, interspecific interactions, amount of food resources, water balance, humidity and partial pressure of O 2 and CO 2 , besides a higher intensity of ultraviolet radiation (Ferraz et al 2003;Monteiro & Fisch 2005;Siqueira & Rocha 2013). Studies of altitude gradients are thus fundamental for a better understanding of this vulnerable community of plants.…”