Gestação e obesidade: um problema emergente

Abstract

Diante do crescimento da prevalência de sobrepeso e obesidade na população adulta brasileira, sobretudo nas mulheres em idade fértil, a gestação neste grupo populacional torna-se merecedora de atenção pelas autoridades de saúde no nosso país. Esta condição ainda é pouco estudada, e não há centros de referência para o atendimento das grandes obesas gestantes. Sabemos que grandes obesas têm chance de iniciar a gestação com a saúde comprometida por uma variedade de doenças crônicas, entre as quais podemos citar: hipertensão arterial, diabetes tipo 2, asma brônquica e esteatose hepática. Alguns estudos já mostraram aumento de risco para o binômio mãe/ feto para além do período fetal. A gestação deve ser cuidadosamente planejada, uma vez que os métodos contraceptivos podem sofrer perda de sua eficácia pelo excesso ponderal nestas mulheres e em especial nas que se submeteram à cirurgia bariátrica. O manejo do período pré-natal requer atenção diferenciada, visando controlar o ganho ponderal materno e minimizar as complicações fetais já conhecidas, como macrossomia, anomalias e deficiências nutricionais. Os achados desta revisão demonstram que o excesso de peso na gestação constitui fator de risco para a saúde da mãe e do concepto. A pandemia de obesidade, que agora atinge países em desenvolvimento, afeta de forma especial mulheres em idade fértil. A gestação em grandes obesas gera necessidade aumentada de exames pré-natais, maior número de partos cesáreos, aumento de infecções em sítio cirúrgico, maior tempo de internação -o que leva a grande impacto econômico para o sistema de saúde pública. São necessários mais estudos e investimentos em capacitação de equipes de saúde e materiais específicos para atender estas pacientes.

Práticas alimentares de gestantes e mulheres não grávidas: há diferenças?

“…Vale destacar que o alto percentual de gestantes com sobrepeso/obesidade pré-gestacional representa um fator de risco para desfechos negativos para a mãe e o concepto 24 , estando associado com aumento do uso de serviços de saúde 25 e complicações, como maior risco de hipertensão, diabetes gestacional, trabalho de parto induzido, cesariana, macrossomia, baixos índices de Ápgar e obesidade infantil [26][27][28] . As gestantes apresentaram importante comportamento mais saudável do que as mulheres não grávidas: consumo menos frequente de refrigerantes.…”

Análise dos desfechos materno-fetais em gestantes com ganho ponderal inadequado atendidas no ambulatório de pré-natal da Universidade Brasil, em Fernandópolis, São Paulo, Brasil

“…Considerando a elevada e progressiva prevalência do sobrepeso e da obesidade na população brasileira, sendo que aproximadamente 50% destas mulheres em idade fértil encontram-se acima do peso, é consoante que a gestação seja tratada com toda a atenção pelas autoridades de saúde no Brasil 20 . Mediante a transversalidade desta temática, já que o excesso de peso na gestação se correlaciona com o aumento de problemas de saúde materna, além do impacto econômico do aumento da realização de exames e procedimentos e da utilização de medicamentos, e sendo uma questão de considerável vulnerabilidade no âmbito da saúde, a intensificação das ações primárias de prevenção poderia colaborar com a diminuição da prevalência desse problema 21 .…”

Gestação De Alto Risco E Obesidade Em Um Município Do Paraná High-Risk Pregnancy and Obesity in a City in Paraná/ High Risk Pregnancy and Obesity in a Municipality of Paraná

“…A literatura aponta preocupações com o excesso de peso, evidenciando-se os riscos tanto para a gestante quanto para o recém-nascido (CARNEIRO, et al, 2014;NASCIMENTO, et al, 2016). As complicações da obesidade para a gestante estão associadas a distúrbios endócrinos, cardiovasculares, tromboembólicos, maior número de cesarianas, a incidência de pré-eclâmpsia, diabetes mellitus e, ainda, o maior risco de morte materna, sendo que 80% está associada à anestesia (GADELHA et al, 2009;ALIYU, et al, 2010;PAIVA et al, 2012;ADAMO et al, 2013;SILVA et al, 2014).…”

“…Dentre os critérios para guiar a estratificação do risco gestacional, está a obesidade, entre as causas de alto risco (PARANÁ, 2017). Carneiro et al (2014) justifica o alto risco ao afirmar que grandes obesas têm maiores chances de iniciar a gestação com a saúde comprometida por uma variedade de problemas de saúde crônicos, no entanto, mesmo aquelas que iniciam a gestação livres destas condições, têm risco aumentado de desenvolver pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.…”

“…Apgar baixo no primeiro minuto de vida.Além disso, estudos indicam que mulheres obesas apresentam mais problemas para amamentar, associando a obesidade com a dificuldade de amamentação, uma explicação para isto seria uma menor reposta da prolactina à sucção nos primeiros dias depois do parto(MELO, 2011;SEABRA et al, 2011). Mais uma das consequências que Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 11744-11756 feb. 2021 podem ocorrer são os filhos destas mulheres acima do peso acarretarem distúrbios relacionados à síndrome metabólica na adolescência(CARNEIRO et al, 2014).A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas das gestantes obesas.Quanto às características de gestantes de alto risco obesas de Guarapuava, observou-se que a maioria está na faixa etária de 20 a 34 anos, não incluindo os extremos de idade e possuem companheiro. Estes dados estão de acordo com os estudosde Nast, et al (2013 eMagalhães, et al (2015).Quanto à escolaridade, verificou-se que a maioria das gestantes de alto risco obesas tem entre 10 a 13 anos de estudo, o que não define uma baixa escolaridade e indica que tenham um breve conhecimento sobre alimentação saudável.…”