Pode-se perguntar se ele [Tarde] O objetivo deste artigo é examinar as condições sociais que contribuíram para que Gabriel Tarde (1843-1904) ascendesse institucionalmente no campo intelectual francês ao longo da última década do século XIX na França. Esta não é uma questão simples se levarmos em conta que o autor não tinha credenciais acadêmicas num momento em que as carreiras no ensino superior estavam cada vez mais restritas aos portadores de títulos universitários (Karady 1983). Por outro lado, sua trajetória ascendente e seu sucesso mostram que, apesar do momento tardio em que deu início à carreira intelectual, Tarde foi legitimado por grupos importantes do sistema de ensino. Ao contrário da imagem de intelectual marginal que o próprio autor cultivou em vida e que seus filhos difundiram post mortem, sua posição no campo intelectual parisiense nos anos 1890 não foi periférica, mas absolutamente central. Isto foi possível, conforme pretendo argumentar, graças ao estado inacabado do processo de autonomização do campo intelectual à época, mas também porque Tarde representou a melhor solução ideológica no combate republicano contra o socialismo e, principalmente, devido ao fato de sua opção teórica ser mais afim à modernização conservadora pretendida pelos detentores do poder intelectual. No contexto da disputa teórica e disciplinar desta década, a obra do autor teve papel fundamental num amplo movimento de combate à sociologia durkheimiana por parte dos grupos intelectuais tradicionais (leplaystas e pedagogos) e daqueles que -caso dos psicólogos -visavam estender seu domínio disciplinar ao âmbito das questões coletivas. A pró-