Nesta edição, Pinhat et al. 1 relatam sobre um estudo de coorte no qual recém-nascidos prematuros de muito baixo peso foram submetidos a vigilância microbiológica estruturada, e descrevem o perfil e as características da colonização fúngica nas unidades de terapia intensiva neonatais (UTINs) e os fatores de risco associados a esses prematuros.A colonização fúngica (principalmente por Candida) ocorre com frequência em recém-nascidos prematuros e acarreta sérios problemas tanto para sua conduta quanto para seu diagnóstico 2 .Semelhante a todos os outros tipos de pacientes admitidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI), os recém-nascidos prematuros apresentam um risco maior do que o habitual de serem colonizados durante o período de internação na UTI, tornando-se um motivo de preocupação devido à alta probabilidade de progressão para disseminação sistêmica já relatada nesses pacientes 3-5 .A frequência estimada de colonização por Candida em pacientes recém-nascidos durante o período de internação na UTIN varia de 10 a 60% de todos os recém-nascidos de muito baixo peso 1 . Embora o risco de infecção fúngica diminua com a utilização de leite materno fresco 6 , este último não protege o recém-nascido do risco de colonização fúngica do trato intestinal 7 .Observa-se uma grande variabilidade nos relatos das frequências de colonização fúngica em UTINs devido a vários fatores. Inconsistências nas políticas de cultura de vigilância dificultam a comparação das taxas de incidência de diferentes unidades e instituições: como resultado, as UTINs que realizam culturas semanalmente (ou duas vezes por semana) para cada paciente apresentam maiores taxas de incidência de colonização do que as unidades que não seguem essa política. Sabe-se ainda que nos recém-nascidos prematuros a colonização origina-se tanto de fonte adquirida (transmissão horizontal) quanto endógena, e também a partir de mães colonizadas (transmissão vertical). Essas duas modalidades distintas de transmissão podem sobrepor-se ao longo do tempo, dificultando a determinação da origem e da frequência de colonização em ambientes de cuidados neonatais.Além disso, a definição de colonização ainda não está totalmente estabelecida: a mais utilizada é "colonização é definida como o isolamento de Candida spp. a partir de, no mínimo, uma cultura de vigilância durante o período de internação na UTIN", mas fica evidente que esta definição é um tanto controversa e está longe de ser definitiva.Entre todos os organismos fúngicos, os prematuros são colonizados em sua maioria (se não somente) pelas várias Candida spp. Os mecanismos de colonização envolvem principalmente a adesão do fungo ao hospedeiro. As diferentes etapas de adesão incluem a formação de abscessos superficiais, a invasão dos tecidos profundos com formação de microabscessos nos órgãos e a disseminação sistêmica. Todas essas etapas dependem do número de organismos fúngicos, da sua virulência e das características da resposta do hospedeiro. A adesão é realmente o fator-chave para a colonização. Diversos fatores r...