Este artigo interpreta as décadas de formação da sociologia paulista a partir das principais disputas entre instituições, grupos e atores, ocorridas nesse contexto unificado pela tentativa de explicar a recalcitrante modernização brasileira. Nessa direção, as sociologias específi-cas progressivamente constituídas eram antes perspectivas de análise do que especialidades propriamente ditas. A exposição toma como referência pares de alternativas, em torno dos quais havia divergência: ensaio e ciência, pensamento radical e conservador, teoria e pesquisa empírica, interpretações totalizadoras e dualistas, sociologia do desenvolvimento e da cultura. A partir dessas oposições, que não devem ser compreendidas rigidamente, as tensões constitutivas do período são demarcadas.
Do ensaio à ciênciaEm conjunto, pode-se dizer que as modificações introduzidas enriquecem a obra, tanto do ponto de vista literário, quanto do ponto de vista da documentação coligida e de sua elaboração. Mas isso significa também que as principais virtudes do ensaio foram mantidas juntamente com alguns de seus defeitos. O ensaísta revelou-se de uma maestria e de uma penetração inigualáveis na sugestão de problemas. Poucos especialistas poderão atravessar as páginas do ensaio sem encontrar alguma indicação de pistas para pesquisa ou investigação, sejam historiadores, psicó-logos sociais, antropólogos, sociólogos ou economistas. Na reconstrução de um processo histórico-social tão complexo, como é o desenvolvimento do Brasil, contudo, nem sempre consegue superar, com a mesma felicidade e equilíbrio, as limitações impostas pelos insuficientes conhecimentos que ainda hoje dispomos de nosso passado. Toda tentativa de síntese é empolgante e fecunda; mas os riscos são tanto maiores quanto mais inconsistente se revela a base empírica e