A utilização de madeira é uma dos principais atividades humanas, historicamente reconhecida historicamente devido a gama de utilizações dada a esses recursos pelas populações humanas, utilizando-os das formas mais diversas. O objetivo deste trabalho foi identificar os usos de recursos vegetais em uma comunidade rural do semiárido paraibano, assim como seu de padrão de renovação. O inventário foi feito a partir de visitas mensais nas residências de uma comunidade rural do município de Cabaceiras, durante 12 meses, nas quais houve o registro de todos os itens presentes nas residências e nos locais em que os informantes desenvolvem suas atividades. Foram visitadas 61 residências que juntas abrigam cerca de 210 pessoas. Foi verificado o uso de 86 espécies, alocadas em nove categorias (combustível, construção rural, construção doméstica, tecnologia, mágico-religioso, medicinal, veterinário, ornamentação e outros usos, que inclui usos como higiene pessoal e sombra), de acordo com o uso dado aos produtos finais. As espécies nativas mais utilizadas foram o pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.) e do marmeleiro (Croton blanchetianus Baill.), inseridas na categoria construção rural, principalmente na construção de cercas e a espécie exótica algaroba (Prosopis juliflora). A maior quantidade de usos distintos e de espécies foi verificada na categoria tecnologia, na qual foi registrado o uso de 16 espécies, todas registradas na primeira visita, sem mudanças posteriores. A utilização como combustível (na forma de lenha ou carvão) e na construção rural ganha uma representatividade significante devido a presença de renovação dos recursos combustíveis em todas as onze visitas mensais, com ênfase na aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), catingueira (Poincianella pyramidalis Tul) e jurema (Mimosa tenuiflora), entretanto, sendo verificada uma substituição dessas espécies pelo uso de P. juliflora, no uso como carvão. Já na categoria construção rural, também foi verificada a extração mensal do A. pyrifolium Mart. e do C. blanchetianus Baill. Esses dados indicam a necessidade de politicas de conservação que visem à manutenção da flora silvestre, elaboradas a partir do reconhecimento da sua importância no cotidiano das populações tradicionais do semiárido.