Fisiologia alimentar do berbigão Anomalocardia brasiliana (GMELIN, 1791) (MOLLUSCA: BIVALVIA)

Abstract

1CTTMar -Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI. Caixa Ppstal 360, Itajaí, cresgalla@univali.br RESUMO A fisiologia alimentar de bivalves filtradores tem sido pouco investigada para as espécies nativas do Brasil. Entretanto, estas informações são fundamentais nos futuros estudos de cultivo e interpretação das características ecológicas das espécies. Entre as espécies de moluscos infaunais, o bivalve Anomalocardia brasiliana, conhecido popularmente como berbigão, apresenta grande interesse comercial e pouco é conhecido sobre as suas taxas alimentares. Este trabalho apresenta os resultados de quatro experimentos realizados em laboratório utilizando diferentes classes de tamanho de A. brasiliana coletadas em diferentes épocas do ano. A partir dos dados de séston natural, massa de fezes e pseudofezes produzidas e seus respectivos conteúdos orgânicos e inorgânicos foram estimados as taxas de clareamento, filtração, rejeição, ingestão e a eficiência de absorção pelo método de biodepósitos. Observou-se que o berbigão A. brasiliana apresenta comportamento similar à grande maioria de bivalves infaunais investigados no mundo. Entretanto, sua taxa de rejeição mostrou-se independente com a variação do séston o que leva a uma baixa taxa de ingestão em concentrações de séston inferiores a 10 mg.L -1. A baixa capacidade de selecionar a matéria orgânica presente no séston foi atribuído ao alto conteúdo orgânico presente no material particulado em suspensão da Baía Sul da Ilha de Santa Catarina. PALAVRAS CHAVE:Anomalocardia brasiliana, Berbigão, Taxas alimentares, Biodepósitos. ABSTRACT Feeding physiology of the Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) (Mollusca: Bivalvia)Little investigation has been carried out on the feeding physiology of filter-feeding bivalves in native species of Brazil. However, this information is essential for future studies on its cultivation, and for the interpretation of ecological characteristics of the species. Among the infaunal mollusk species, the bivalve Anomalocardia brasiliana is of great commercial interest, though little is known about its feeding rate. This work presents the results of four experiments carried out using different size classes of A. brasiliana collected at different times of the year. Based on the data for natural seston, mass of feces and pseudofeces produced and its respective organic and inorganic contents, the clearance rates, filtration, rejection, ingestion and absorption efficiency were estimated by the biodeposit method. It was observed that the A. brasiliana presents similar behavior to the majority of infaunal bivalves investigated worldwide. However, its rejection rate proved to be independent of seston variation, which leads to a low ingestion rate at seston concentrations below 10 mg.L -1. The low capacity to select the organic matter present in the seston was attributed to the high organic content present in the particulate matter in suspension in the Baía Sul of the Ilha de Santa Catarina.

A pesca e o manejo do berbigão (Anomalocardia brasiliana) (Bivalvia: Veneridae) na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, SC, Brasil

“…Salles, 1996;Araújo, 2001;Tremel, 2001;Carmo et al, 2002;Mello, 2009;Aveiro et al, 2009;2011;Ribas, 2014;Spínola et al, 2014), esse programa de monitoramento resultou no amplo volume de conhecimento sobre o recurso na região, incluindo aspectos da estrutura e dinâmica populacional da espécie (Pezzuto & Echternacht, 1999;Souza, 2003;Nandi, 2005;Schiavo, 2010), fisiologia alimentar (Resgalla & Piovezan, 2009), fecundação, assentamento e produção de sementes em laboratório (Righetti, 2006), contaminação por metais pesados (Silveira, 2007), caracterização da pescaria e dinâmica de biomassa do recurso (Pezzuto et al, 2002;Souza, 2007), avaliação da eficiência e seletividade do gancho (petrecho usado na captura do berbigão) (Pezzuto et al, 2010), influência de variáveis abióticas sobre o recrutamento (Dal Pozzo, 2010), relação da espécie com o sedimento e estrutura metapopulacional dos vários bancos desse molusco existentes nas baías Norte e Sul da Grande Florianópolis (Rosso, 2012).…”

Manutenção e reprodução de Anomalocardia brasiliana em condições laboratoriais

“…O molusco tropical Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) (Bivalvia: Veneridae) conhecido, entre outros nomes, por "berbigão" (Araújo, 2001;Boehs et al, 2008;Resgalla & Piovezan, 2009), "vôngole", "maçunim" ou "chumbinho" (Boehs et al, 2008) ou simplesmente "marisco", está distribuído desde o Mar do Caribe, em Guadalupe, até a América do Sul no Uruguai, ocorrendo em todo o litoral brasileiro (Rios, 1994). Destaca-se entre os bivalves marinhos do Brasil por se tratar de uma das espécies mais exploradas comercialmente pela pesca artesanal, apresentando ainda grande potencial para a maricultura (Boehs et al, 2010).…”

“…Alguns estudos enfatizam a importância de diversos fatores como temperatura, fotoperíodo, pH e salinidade sobre as taxas fisiológicas dos moluscos bivalves (Rajesh et al, 2001;Järnegren & Altin, 2006;Loayza-Muro & Letts, 2007;Resgalla & Piovezan, 2009;Raghavan, 2011).…”