Doutor em Geografia, Professor Associado da Universidade Federal do Tocantins (UFT) RESUMO: Este artigo busca contribuir com a discussão a respeito do modelo neodesenvolvimentista recente no Estado do Tocantins, Região Norte do Brasil, e suas implicações climáticas. Os impactos, riscos e injustiças resultantes deste modelo são examinados tanto na área rural quanto na área urbana do território estadual. No campo, a disseminação do agronegócio tem levado a mudanças de superfície capazes de elevar a temperatura do ar, podendo também agravar as disputas pelos recursos hídricos e a contaminação ambiental por produtos agroquímicos. Por outro lado, a urbanização exclusivamente segundo critérios mercantis tem produzido cidades insustentáveis, com ilhas de calor e alagamentos, entre outros problemas. Portanto, almeja-se enfatizar a necessidade de uma Climatologia engajada com as lutas sociais e políticas por um espaço geográfico mais justo e ambientalmente mais equilibrado para os seus cidadãos.
PALAVRAS-CHAVE: agronegócio; urbanização; impacto climático; injustiça ambiental. CLIMATIC IMPLICATIONS OF A NEO-DEVELOPMENTALIST MODEL: IMPACTS, RISKS AND INJUSTICES IN THE TOCANTINS STATE, BRAZILABSTRACT: This paper seeks to contribute with the discussion about the recent neodevelopmentalist model in the Tocantins State, North Region of Brazil, and its climatic implications. The impacts, risks and injustices resultant of this model are examined both in rural and in urban areas of the state's territory. In the fields, the dissemination of agribusiness has been leading to surface changes able to increase the air temperature, can also aggravates the competition for water resources and the environmental contamination by agrochemical products. On the other hand, the urbanization according only to commercial criteria has been producing unsustainable cities, with heat islands and floodings, among other problems. Therefore, it aims to emphasize the need of a Climatology engaged with the social and political fight for a fairer and more environmentally balanced geographical space for its citizens.
KEY-WORDS:agribusiness; urbanization; climatic impact; environmental injustice.
INTRODUÇÃOO Estado do Tocantins vem sendo incorporado gradualmente ao território do grande capital, configurando-se como Região Produtiva do Agronegócio (RPA), termo proposto por Elias (2015). A incorporação produtiva dos cerrados do Centro-Norte, nos moldes da monocultura e do agronegócio, repercute no campo e na cidade, dentre outros aspectos, por meio de problemas ambientais. Dentre esses problemas, pretende-se chamar atenção neste texto para aqueles de ordem climática. Isso nos permite problematizar a atual relação entre a sociedade e o clima, por meio dos impactos, dos riscos e das injustiças associados ao modelo em questão.De fato, a retórica impregnada nesse modelo de territorialização do capital se constrói em circunstâncias que alguns economistas denominam neodesenvolvimentistas. Na perspectiva de Sampaio Jr. (2012), o neodesenvolvimentismo não passa de um ...