Finalidade ou linguagem: abordagens para o sentido da ação nos estudos organizacionais

Abstract

Este artigo pretende explicitar diferentes concepções de ação e decisão nos estudos organizacionais, recorrendo a dois caminhos teóricos. O primeiro está baseado em referências a Weber e a Habermas e suas diferentes proposições quanto à ação humana. O segundo consiste em observações sobre a evolução do conceito de processo decisório a partir de Simon. O argumento é o de que esses dois caminhos teóricos apontam para uma mesma mudança nas concepções de ação e decisão. Da ação justificada pela finalidade e realizada por um ator racional passa-se para uma concepção de ação tributária, de um sentido social e coletivamente construído, realizada por um sujeito constituído através das redes de significado que marcam sua trajetória pessoal e social.<br>Philosophical basis for decision and action understanding are presented at this paper. Two different theoretical approaches are investigated. One of them explore the differences between Weber and Habermas propositions about human action. The other one presents remarks about decision process concept since Simon. The purpose of the article is to underline that both approaches shows a similar change on action and decision conceptions. The rational action and decision conception gives place to a social constructed action conception. The rational actor view gives place to a self constitution based on networks of sense view

Da racionalidade instrumental à racionalidade comunicativa: o caso de uma instituição psiquiátrica

“…Seja no formato de ensaio teórico ou como estudos teórico-empíricos, esses trabalhos têm procurado aprofundar o entendimento na área sobre questões específicas -por vezes negligenciadas ou indevidamente tratadas em sua complexidade. Os temas recorrentes na articulação com a TAC, além da questão da racionalidade presente na prática organizacional (SERVA, 1996), são de ordem política (seja no âmbito interno da organização ou na dimensão Estatal) como, por exemplo, as questões da democracia e da cidadania (STORINO, 2000;PAULA e MOTTA, 2003;TENÓRIO, DUTRA e MAGALHÃES, 2004;COSTA, 2004), dos processos organizacionais de comunicação (SOUZA, 2002;REIS, 2002;SACHUK e MACHADO, 2004) e, também, aspectos estruturais de novas formas de organizações econômicas, como a chamada Economia Solidária (ANDION, 2001;COSTA, 2004).…”

“…Muitos autores da Administração têm se valido da TAC para chamar a atenção de como é precário o entendimento da comunicação nos estudos funcionalistas. Como lembram Reis (2002) e Souza (2002), apesar da importância dada ao processo de comunicação na efetivação de mudanças significativas no âmbito organizacional, esse é comumente observado pela literatura exclusivamente em sua forma instrumental, sendo desconsiderada a dimensão simbólica que é constitutiva das mudanças paradigmáticas, ou seja, aquela dimensão na qual se operam os processos subjetivos relacionados às transformações de ordem cultural.…”

“…Além da busca pela satisfação dos requisitos de validez da fala nos processos comunicativos do Bom Retiro verificou-se que esses contribuem significativamente para o estabelecimento do significado das atividades terapêuticas, seja para os pacientes, seja para o resto da comunidade hospitalar. Isto corrobora a tese que vem sendo salientada na literatura de que a comunicação organizacional é fundamental para a estruturação de mudanças institucionais significativas, já que, quando orientadas sob o ponto de vista racional-comunicativa, essas promovem o compartilhamento de novas redes de significado (SOUZA, 2002;SACHUK e MACHADO, 2004), bem como o estabelecimento de processos decisórios realmente democráticos (SOUZA, 2002;TENÓRIO, DUTRA e MAGALHÃES, 2004).…”

Criação de sentido nas organizações

“…Weick (1995) compreende que tais situações ocorrem pelo aumento da ambiguidade e incerteza durante o processo de busca por soluções. As situações a que se refere são, por exemplo, acúmulo de informações, variedade de combinações de elementos interdependentes que geram complexidade, turbulência e instabilidade do ambiente (Souza, 2004). Tais circunstâncias promovem o trabalho pela criação de sentido (sensemaking) em um processo de afastamento da ambiguidade pela construção de ocorrências, problemas ou fatos embasados na refl exão retrospectiva sob infl uência das circunstâncias vivenciadas no momento.…”