Este artigo busca mostrar em primeiro lugar que Kant assume uma posição nitidamente antirrealista nos Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza ao rejeitar o atomismo a favor do dinamismo, apelando a argumentos cujo valor epistêmico não se assenta na ideia da verdade como correspondência. Tal posição, que não implica no espelhamento entre conceito e mundo, mas na unidade sistemática e harmônica da teoria, é defendida aqui como ficcionalista. Em segundo lugar, este trabalho pretende aproximar essa posição kantiana da posição ficcionalista do Nietzsche tal como desenvolvida por Vaihinger no último capítulo do seu livro “A Filosofia do Como Se”. Em terceiro lugar, buscaremos demonstrar que tal afinidade entre Kant e Nietzsche a partir do ficcionalismo pode ser também estabelecida a partir de duas influências comuns: a do escritor grego Luciano de Samósata e do filósofo Roger Bosvovish. O título deste trabalho procura assim refletir esse possível diálogo entre dois dos maiores representantes do ficcionalismo epistêmico.