RESUMOEstudo epidemiológico e transversal, que objetivou identificar as características sociodemográficas e de acesso de longevos aos serviços de saúde. Os dados foram coletados no período de abril a agosto de 2012, por meio de questionário sociodemográfico e clínico, e questões adaptadas do Estudo Saúde Bem Estar e Envelhecimento, sobre acesso a saúde. A amostra por conveniência compreendeu 56 idosos longevos cadastrados em 13 centros de convivência do idoso de Ponta Grossa-PR. Houve predomínio do sexo feminino (75%), da faixa etária de 80 a 84 anos, viúvos (73,2%), com ensino fundamental incompleto (71,4%), que viviam sozinhos (46,4%) e recebiam ≤dois salários mínimos (89,3%). Destaca-se que um terço dos longevos possuíam plano de saúde e desses 31,3% apresentaram dificuldades de acesso, mais manifesta entre os que faziam uso do SUS (55%). Destaca-se a importância dos profissionais de saúde, em especial o enfermeiro, em identificar e conhecer das características sociodemográficas e de acesso dos longevos que utilizam os serviços de saúde. Tais informações servirão de subsídios para o planejamento de estratégias para amenizar as dificuldades enfrentadas e melhorar o acesso deste segmento etário a esses serviços.Palavras-chave: Idoso de 80 anos ou mais. Acesso aos serviços de saúde. Enfermagem Geriátrica.
INTRODUÇÃOA expectativa de vida para os idosos com 80 anos ou mais, também denominados longevos ou octogenários, aumenta a cada década. Atualmente, o Brasil tem um contingente de 26 milhões de idosos e, destes, cerca de três milhões com 80 anos ou mais, os quais correspondem a, aproximadamente 1,7%, da população (1) . Em relação aos idosos jovens, os longevos representam um grupo mais heterogêneo (2) , pois alguns poucos apresentam boas condições de saúde, e uma parcela substancial é portadora de condições de saúde que predispõem à vulnerabilidade e a desfechos adversos de saúde, como incapacidade e hospitalização (3) , fato que requer dos serviços de saúde maior efetividade e acessibilidade.Nas últimas décadas, ocorreram importantes avanços na legislação brasileira referentes à população idosa, contudo, este segmento etário apresenta dificuldades de acesso aos serviços de saúde, expressos por barreiras burocráticas e políticas que prejudicam o desenvolvimento de ações voltadas às necessidades específicas desta população (4) . Nesse sentido, apesar do respaldo legal da Constituição Federal Brasileira e leis infraconstitucionais que protegem o idoso, autores apontam que o acesso universal é pouco operacionalizável a este segmento etário (5) . No que se refere ao termo acesso, sua definição é complexa, e vários autores o caracterizam de maneira distinta, mas está relacionado com as características da oferta de serviços de saúde que facilitam ou dificultam sua utilização por potenciais usuários. Podem essas características ser resumidas em quatro dimensões:disponibilidade, aceitabilidade, capacidade de pagamento e informação (6)(7) . A limitação do acesso, seja decorrente do processo de envelhecimento ou da precar...