O trabalho concentra sua análise na propriedade privada, nas dinâmicas agrícolas e de financeirização da terra no Mato Grosso do Sul, partindo da premissa de que o Estado tem sido o principal agente legitimador do processo de apropriação das terras dos povos originários, competindo com as formas de luta na recuperação de seus territórios tradicionais. O trabalho inicia-se com uma breve contextualização etnohistórico-geográfica dos Kaiowá e Guarani frente ao processo de constituição da propriedade privada da terra, incorporando e consolidando essa fração do espaço ao Estado nacional, e como se estabelecem as determinações territoriais, compreendendo-as como estado e movimento das práticas socioespaciais dos sujeitos na consolidação da hegemonia e das formas de resistência. Conclui-se que, em oposição à forma valor, centro das determinações territoriais do agronegócio, engendram-se retomadas (tekoharã) como uma ação metabólica de unicidade de seres (inorgânicos, orgânicos e sociais), que representam o enfrentamento e a resistência dos povos originários ao projeto genocida do Estado/capital. Palavras-chave: Financeirização do território. Resistência indígena. Retomada (tekoharã). Propriedade privada da terra. Kaiowá e Guarani.