Abstract:RESUMOO artigo pretende examinar a figura do "exilado" e suas respectivas contribuições para o ofício de historiador no regime de historicidade da modernidade. Para tanto, primeiramente e a partir das abordagens de Charles Baudelaire e da Paris do século XIX feitas por Walter Benjamin, serão analisadas as qualidades desse tempo histórico e os desafios que ele traz para a historiografia. Em um segundo momento, recuará e perceberá a categoria do "exílio" como inerente aos processos políticos e culturais do Atlân… Show more
Resumo Este artigo é dividido em duas partes. Na primeira, são comentados três poetas (Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Murilo Mendes) que, na primeira metade do século XX, tematizaram as experiências históricas das guerras, da ascensão dos fascismos e das heranças coloniais em poemas em que a voz lírica se coloca à beira-mar. Na segunda parte, tomaremos o Navio Manaus como objeto de reflexão, sobretudo o uso de seu porão como prisão, tal como relatado em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Aqui, novamente, temos uma experiência histórica contemporânea tematizada por meio de conexões entre história, poesia e imaginário, no que se refere ao espaço oceânico, o qual adquire assim um estatuto de alegoria histórica. Nessa alegoria temos a figuração do emigrante sem porto de chegada, sem lar, aqueles que, segundo Hannah Arendt, perderam o direito de ter direitos. As duas partes do artigo confluem para uma reflexão sobre os frágeis, mas necessários, poderes da narração frente a experiências extremas e traumáticas, em contraste com o esquecimento inocente num mundo sem inocência.
Resumo Este artigo é dividido em duas partes. Na primeira, são comentados três poetas (Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Murilo Mendes) que, na primeira metade do século XX, tematizaram as experiências históricas das guerras, da ascensão dos fascismos e das heranças coloniais em poemas em que a voz lírica se coloca à beira-mar. Na segunda parte, tomaremos o Navio Manaus como objeto de reflexão, sobretudo o uso de seu porão como prisão, tal como relatado em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Aqui, novamente, temos uma experiência histórica contemporânea tematizada por meio de conexões entre história, poesia e imaginário, no que se refere ao espaço oceânico, o qual adquire assim um estatuto de alegoria histórica. Nessa alegoria temos a figuração do emigrante sem porto de chegada, sem lar, aqueles que, segundo Hannah Arendt, perderam o direito de ter direitos. As duas partes do artigo confluem para uma reflexão sobre os frágeis, mas necessários, poderes da narração frente a experiências extremas e traumáticas, em contraste com o esquecimento inocente num mundo sem inocência.
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