Evidências do ENADE e de outras fontes - mudanças no perfil do bacharel em Medicina

Abstract

Este estudo tem como objetivo oferecer uma contribuição para as reflexões sobre políticas públicas referentes aos cursos de graduação e pós-graduação em Medicina, mediante a apresentação de um diagnóstico sobre a evolução da oferta, o perfil dos concluintes e a sua colocação no mercado de trabalho. Para tal, recorreu-se aos dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), aos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e aos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Observou-se que, tanto na rede pública (em menor escala) quanto na rede privada, houve expansão na oferta de cursos de Medicina, que foi acompanhada por um aumento no número total de matrículas e de concluintes. O número de cursos de Medicina cresceu 337,5% (5,22% a.a.) em 29 anos. Nota-se que a oferta de cursos de pós-graduação stricto sensu aumentou, bem como a procura por vagas nesses cursos. Para a descrição do perfil socioeconômico dos concluintes, recorreu-se à Análise de Componentes Principais, com dados de todos os concluintes das áreas avaliadas pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), de 2004 a 2020. Três fatores foram identificados: afluência socioeconômica, autonomia financeira e corresidência. Os concluintes da área de Medicina, quando comparados aos concluintes de todas as áreas, possuíam, em média, a maior afluência socioeconômica, a menor autonomia financeira e o menor nível de corresidência. A situação atual da oferta de cursos de graduação no que diz respeito ao tamanho, à localização geográfica e ao CPC está apresentada em um capítulo à parte. Por fim, com a pesquisa amostral do Censo 2010, foi detectado que a carreira da maioria dos bacharéis em Medicina estava concentrada mesmo na ocupação de “Médicos”, fossem eles graduados, mestres ou doutores. Este estudo é facilmente replicável para outras áreas do conhecimento.