Estudos de Gênero na Psicologia (1980-2016): Aproximações e Distanciamentos

Abstract

Resumo Este artigo apresenta a emergência e a história dos estudos de gênero na psicologia a partir da consideração sobre a relevância de usar a noção de” gênero” como categoria de análise histórica para pensar o campo disciplinar da psicologia. Isto nos possibilita compreender os efeitos teóricos, metodológicos e epistemológicos na produção de conhecimento. A partir de uma pesquisa bibliográfica realizada na base de dados SciELO, foram analisados 153 artigos de três periódicos da psicologia. Estes, com seus 402 autores(as) e 191 instituições, foram agrupados em 15 categorias temáticas. Uma análise quali-quantitaviva encontrou resultados que apontam para desigualdades de gênero na autoria dos artigos e uma presença marcante das universidades públicas entre as instituições que mais publicam na área. A psicologia, quando debate gênero, o faz por meio de discussões temáticas de campos de conhecimento tradicionais - como saúde, educação e trabalho, típicos da segunda onda do feminismo. As questões identitárias e sobre sexualidades se destacam em produções mais recentes. Da articulação entre gênero e psicologia com foco nas discussões teórico-epistemológicas, constatamos que, embora haja publicações que apontem críticas à psicologia questionando o uso descritivo de gênero, bem como à objetividade do conhecimento e à universalidade do sujeito, ainda se verificam dificuldades em sair do lugar androcêntrico, etnocêntrico e cisheteronormativo que caracteriza a produção psicológica. O estudo aponta a necessidade de maior sensibilização e ampliação de espaços de discussão entre gênero e psicologia para que se possa resistir às invisibilidades ainda tão persistentes nesse campo disciplinar de conhecimento.

Theoretical-methodological essay on gender identity information validity in epidemiological surveillance of violence

“…For a significant period, the concept of humanity being divided into two distinct categories based on sexual differences has long been considered an axiom. Furthermore, in these currents guided by the biological essentialism rationale, the categories "sex" and "gender" were often used interchangeably (9,10) . In this approach, female bodies were often interpreted as an inferior version of male bodies, which were considered the original standard, with no room for other gender identities (10) .…”

“…Furthermore, in these currents guided by the biological essentialism rationale, the categories "sex" and "gender" were often used interchangeably (9,10) . In this approach, female bodies were often interpreted as an inferior version of male bodies, which were considered the original standard, with no room for other gender identities (10) . This line of thought has long used this effort to explain potential inequalities between men and women.…”

“…Scott (15) argues that gender is not an innate characteristic, but rather a social construction that is shaped and perpetuated through symbolic representations. For her, gender should not be treated as a fixed category, but should be regarded as a challenge to the meanings attributed to the differences between men and women, particularly questioning the exclusion of certain groups in favor of others considered hegemonic (10) . In this perspective, this thought is combined with Beauvoir's famous phrase: "One is not born a woman, but becomes one" (11) .…”

“…In this understanding, even male identity, which in the past benefited from the status of an original category, would not be exempt from this process of becoming and, consequently, from what is culturally necessary to gather in terms of male characteristics and behaviors. Consequently, the theoretical understanding of the separation of what is biological, sex, from what would be a category constructed by the discourse that stabilizes within a culture, gender, is questioned (8,10,12,16,18) .…”

“…In this system, a gender-correct and, therefore, original relationship is established throughout history and through performative processes. Sex and gender are thus imitated over time, giving the appearance of something natural (10,16) . This perspective suggests that performative practices and repeated gestures help to create the notion of an inner essence of gender.…”